Anorexia nervosa não leva à pureza espiritual
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar onde a pessoa busca a magreza como ideal. Está ocorrendo com mais freqüência nos últimos meses, especialmente no Brasil. Veja também: » Especial sobre transtornos alimentares Não se sabe ao certo a causa da anorexia, já que é determinada por fatores psicológicos, culturais e familiares. O correto seria entender que a anorexia não pode ser usada como um caminho para alcançar a vida pura e espiritual, mas aceitar-se, de maneira real. Quem está doente tem um conflito entre o espírito e a matéria, pois anseia viver em um corpo livre de desejo. A resistência a sensualidade indica o medo de uma gravidez e consequentemente da responsabilidade. Muitas não têm menstruação e podem estar com danos no sistema reprodutor feminino. Também desejam se livrar de tudo o que é denso, redondo, amorfo, feminino e fecundo - por isso não comem, pois quem solidifica o corpo é o alimento. O ideal da anorexa é a limpeza. Desta maneira foge de tudo que seja considerado impuro e inferior (algumas passaram por algum tipo de rejeição familiar, abuso físico e sexual). Não existe um meio-termo entre a alimentação e a falta dela, a pureza e o desejo, a infantilidade e a maturidade. Perfeccionistas, as anorexas acreditam que têm o poder e que os outros não têm força suficiente para salvá-las da morte. Para elas, a morte não é uma ameaça, já que é a vida que lhe infunde o medo. Este distúrbio atinge mais as mulheres (entre 12 a 20 anos) do que homens, mas pode ser tratada e controlada. 80% obtêm a cura e 20% chegam ao óbito. Tentam colocar um fim neste sentimento de culpa quando estão sozinhas, comendo em grande quantidade, mas como não desejam reter a alimentação, acabam vomitando tudo. Quando se vêem obrigadas a comer, preferem se alimentar de coisas de baixo valor nutritivo e poucas calorias como limões, maçãs verdes, saladas ácidas etc. Além disso, usam laxantes para eliminar o pouco que ingeriram. Também tem um excesso de atividade física, já que vêem peso onde não existe. Elas não participam de refeições em grupo porque tem medo da proximidade e do calor humano e ao mesmo tempo, anseiam quase que de maneira desesperada a simpatia das pessoas para expressar seu amor e feminilidade. Claro que estamos falando de um problema que está no inconsciente. Por isso, o tratamento terá sucesso se for conduzido por um psiquiatra, psicólogo, clínico e nutricionista onde o objetivo principal é a recuperação do peso corporal. Os meios de comunicação pressionam as mulheres a obterem a forma perfeita impondo um estereótipo de que ser magra é importante. Só que elas deveriam se conscientizar que a silhueta que aparece nas revistas não passa de mera ilusão, na maioria das vezes, retocada por computadores.
Monica Bounfiglio/Especial para o Terra
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