Lilith, a lua negra, representa a força da sexualidade
Segundo a tradição talmúdica, no começo Deus criou duas mulheres, uma das quais Lilith e, a outra, Eva. A primeira foi criada ao mesmo tempo que Adão e, como ele, foi feita da poeira do chão, enquanto a outra foi feita de uma de suas costelas. Adão e Lilith nunca viveram em paz. Adão desejou ter relações com ela, mas Lilith se ofendeu com a posição que ele exigiu e indagou: "por que tenho que ficar embaixo de você? Ora! Também fui feita do pó e, logo, sou sua igual!", respondeu a mulher. Ele tentou submetê-la à força e, num ataque de raiva, Lilith pronunciou o nome secreto de Deus e o deixou. Por ter cometido esta ofensa, Deus a castigou transformando-a em um ser de sombras. O ato sexual chamado "derrubando a mesa", isto é, a mulher em cima do homem, faz parte da mitologia hebraica e aparece na história de Lilith. Lilith simboliza, de acordo com a psicologia, a sensualidade, o empenho sexual de toda mulher na vida cotidiana. Lua negra, como também é conhecida, é a potência do sexo e do erotismo, com a qual os carmas são destruídos, dando à vida um caráter mais criativo. Como sombra de Vênus, Lilith deseja que a mulher explore o que mais incomoda inconscientemente a sua sexualidade. Por exemplo: quando uma mulher critica uma moça que está usando uma calça justa, atraindo olhares masculinos, mentalmente expressa a sua própria sombra: "que absurdo! Como é que alguém pode sair na rua vestida deste jeito?". Na verdade, ela gostaria de fazer o papel da mulher que está sendo observada. Quem libera a informação é a Lilith interior, mas quem não está bem resolvida a vê como uma sombra. Já aconteceu de assistir a uma entrevista na TV de alguma modelo durante o carnaval e imediatamente mudar de canal, até com certa raiva? Eis Lilith pedindo para ser liberada do inconsciente. O melhor a fazer é rever alguns conceitos da sua sexualidade. Na cultura indiana, Lilith é associada a Kali, a deusa que detém a força transcendental do sexo. Ela também personifica a amante voluptuosa; representa a noite escura e o período da menstruação, no qual a mulher adquire algumas das suas qualidades. Devemos lembrar que é pela força do sexo que os seres humanos e todos os demais seres vivos adentram a vida. Impelidos pela energia sexual, os seres se desenvolvem e crescem, já que o sexo é a onda vital, a força da realização, da evolução e da transcendência. Na cultura afro-brasileira, mais especificamente para os umbandistas, seria possível fazer um paralelo ao dizer que Lilith seria a pomba gira. Sufocar a força da sexualidade é algo impossível de fazer. O correto seria respeitar a força transformadora do sexo e de Lilith.
Monica Buonfiglio/Especial para o Terra
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