Festival de Parintins: Isabelle relembra amizade com Didja e afirma que 'cultura é a voz do povo'
Ao Terra, ex-BBB24 também relembrou sua história com a tradição e classificou o evento como 'motor financeiro' de sua região
O Festival Folclórico de Parintins foi realizado entre os dias 28, 29 e 30 de junho -- com vitória do Boi Caprichoso. A ex-participante do Big Brother Brasil 24, Isabelle Nogueira, de 31 anos, ganhou destaque no reality show ao difundir a tradição e sua vivência. Atual cunhã-poranga do Boi Garantido, um dos principais cargos dentro do espetáculo, que significa guardiã, guerreira, a moça mais bela, ela enxerga esse grande show de diferentes formas. Uma festa, um manifesto cultural, mas também como um ‘motor financeiro’ de sua região.
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“Tem o giro da economia. Isso [o Festival] movimenta a economia do povo parintinense, do povo amazonense e do povo nortista, porque muitas pessoas do norte são contempladas com o Festival Folclórico de Parintins. Outras pessoas de outros estados, do Pará, de Rondônia, de outros lugares, vêm para Parintins para trabalhar, para dançar, e isso gera renda, a economia deles e também a nossa, porque atrai turistas. Muitas famílias vivem, precisam, sobrevivem do Festival de Parintins. Então, isso [sua realização e perpetuação] é extremamente importante”, afirma ela, com exclusividade à reportagem do Terra.
Em conversa, a ex-BBB relembrou sua história com o Festival, deu detalhes da amizade com Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, e comentou as intenções da Globo em transmitir o evento. Segundo rumores, a TV abriu negociações, mas parece ter desistido do processo. Confira na íntegra.
Como foi sua trajetória até se tornar cunhã-poranga do Boi Garantido?
"Desde muito cunhantã [menina], minha mãe me levava para as festas do nosso boi. Isso com 5 anos de idade, minha mãe já me levava para as festas e assim eu conheci o Boi Garantido. Minha mãe me levava para os currais [festas]. E aí eu me tornei uma torcedora apaixonada, uma torcedora encantada. Muito pela influência da minha mãe. A nossa festa é uma herança de família para a gente e convivendo nas festas eu comecei a aprender as coreografias. Depois começou a se tornar meio profissional. Comecei a participar de grupos com 12 anos de idade, a dançar em alguns eventos, algumas festas, show para turistas. Com o passar do tempo comecei a ter audições, concursos de dança para ser item do Festival Folclore de Parintins. Participei de alguns, não ganhei. Em 2014, participei de um para ser Rainha do Folclore do Boi Garantido e ganhei. Disputei com 40 meninas. E em 2014, me tornei Rainha do Folclore, que é um dos 21 itens que nós temos no Festival Folclore de Parintins. Em 2017, quando eu era Rainha do Folclore, fui convidada pela diretoria para ser cunhã-poranga. E assim me tornei cunhã-poranga no final do ano de 2017".
Qual é a importância cultural do Festival Folclórico de Parintins para você e para a região?
"Para mim, o meu maior sentimento é manter acesa a chama da tradição. Cada povo tem a sua cultura, e a cultura é a voz do povo, é o que difere um povo do outro. Então, a importância do Festival Focal dos Parintins, para mim, é manter acesa a cultura do povo amazônico, que leva o nome do povo do Amazonas, de Parintins, para o mundo, através da nossa cultura, que é única no Brasil e no mundo. Mas tem outro lado também. Para a região, tem o giro da economia. Isso movimenta a economia do povo parintinense, do povo amazonense e do povo nortista, porque muitas pessoas do norte são contempladas com o Festival Folclórico de Parintins. Outras pessoas de outros estados, do Pará, de Rondônia, de outros lugares, vêm para Parintins para trabalhar, para dançar, e isso gera a renda, a economia deles e também a nossa, porque atrai turistas. Muitas famílias vivem, precisam, sobrevivem do Festival de Parintins. Então, isso [sua realização e perpetuação] é extremamente importante".
O Festival de Parintins influenciou sua participação no BBB24 de alguma forma?
"Acredito que a minha personalidade, a minha forma de ser influenciou na escolha, na seleção [para entrar no programa]. E eu, estando lá, acredito que consegui difundir para o Brasil cultura, conseguir impactar as pessoas com algo cultural que jamais foi falado ou visto no Big Brother. Então, acho que, de alguma forma, influencia em gerar curiosidade nas pessoas, no dia a dia que me assistiam."
Você acabou de participar de um reality nacional. Isso muda sua experiência com o festival?
"Olha, eu saí do Big Brother, aconteceram alguns eventos que eu não consegui acompanhar porque estava no confinamento. Então, saí praticamente com um mês para o festival. A minha experiência com o festival, basicamente, a dança, testes de fantasia, de alegoria, isso não muda. O que muda é a questão de agenda, porque eu tive uma série de compromissos pós-Big Brother. Muda a responsabilidade porque as pessoas passaram a conhecer mais o Festival Ficado em Parintins através dessa personificação que foi vista".
Soube que você e a Djidja eram amigas…
Eu e ela realmente éramos muito amigas. Gostava muito dela, é uma pessoa que eu tinha um carinho muito grande. Com a agenda corrida, a correria do dia a dia, viagens, a gente se afastou um pouco nos últimos anos, mas ela estava no meu coração sempre."
Qual é a importância de preservar e promover as tradições culturais como as do Festival de Parintins nos dias de hoje?
"É manter acesa a chama da tradição, a identidade cultural de um povo, para que cada povo permaneça na sua identidade e seja diferenciado um do outro. Acredito que isso é muito importante. Além disso, gerar renda, pois muitas pessoas vivem do artístico. Tem muitos artistas, ainda no anonimato que são gigantes e que vivem daquela arte, como pintores, artesãos. Então, é extremamente necessário. Assim como é muito gratificante e muito bonito empresas grandes que apoiam manifestações culturais, como o Festival de Parintins, porque muitas famílias dependem disso".
"Por exemplo, na época do Festival de Parintins, o pescador vira alegorista. Então, ele é pescador o ano todo e, no mês de Parintins, ele vai trabalhar fazendo alegoria. Então, já é uma renda para ele. Por exemplo, a dona de casa vira costureira, vai prestar serviço para algumas agremiações para ser costureira no galpão. Então, também é uma renda que gira para ela, para todo mundo. Então, tudo em Parintins gira em torno do Festival Folclórico. Então, muitas famílias vivem do Festival de Parintins. Além de manter acesa a tradição, a cultura de um povo, que é única, que falamos de um Festival Folclórico que fala de mitos, lendas e ancestralidade indígena, também estamos falando de famílias que vivem do Festival de Parintins".
"Além disso, nesse contexto todo, fazemos esse clamor de proteção, de preservação à Mãe Natureza e também de explanar para o mundo as propriedades culturais dos povos que vivem na Amazônia, dos povos indígenas, reforçando os ritos e as lendas. Levando, inclusive, informação real para as pessoas que assistem o Festival de Parintins. O Festival de Parintins é muito precioso, ele é muito necessário para a humanidade. Não é porque eu sou artista de Parintins, é porque eu, como telespectadora, como público, como brasileira, acho que é uma herança cultural brasileira. E não é porque eu sou artista de Parintins".
Como você vê o papel da mídia e da televisão nesse contexto?
O maior meio de comunicação ainda é a televisão. A gente tem a internet como grande comunicadora, mas eu acho que a TV ainda é imbatível. É muito necessário os meios de televisão para ser transmitido, difundido, para ser compartilhado. E as mídias no geral também, porque isso vai levar mais informação para outras pessoas, outros povos que não conhecem, e assim atrair mais turistas, atrair mais curiosos. E isso também vai fazer com que essa cultura esteja acesa, isso vai fazer com que essa economia gire.