Santiago - A derrrota por 3 a 0 para o Chile deixou o volante Émerson envergonhado. A indignação do jogador ficou evidente assim que terminou a entrevista coletiva do técnico Wanderley Luxemburgo. Émerson foi um dos quatro jogadores da seleção brasileira que tiveram coragem de enfrentar os questionamentos dos repórteres na saída do estádio Nacional. Os outros três foram Rivaldo, Roberto Carlos e o reserva Júnior.

A revolta estava estampada no rosto do volante. “Porque a seleção brasileira só toma uma atitude depois de tomar uma pancada? Porque a gente não reage? Estou chateado. Estas partidas não são amistosas. São jogos válidos pelas Eliminatórias Sul Americanas. Valem a nossa ida para a Copa do Mundo. E eu quero disputar outra Copa do Mundo”, falou o volante, olhos fixos nos repórteres.

Émerson não parava de falar. A cada repórter que chegava ele fazia as mesmas indagações. Parecia que o repórter era ele. Era ele, o jogador, que acabara de sofrer uma derrota vergonhosa por 3 a 0, quem queria explicações. “Sinceramente, não sei porque nós não colocamos na cabeça que tínhamos de ter a mesma aplicação do jogo com a Argentina. O professor (o técnico Wanderley Luxemburgo) avisou que teríamos de entrar em campo com determinação. Mas alguns companheiros não entenderam o recado”, lamentava, inconsolável.

“Contra a Argentina o time mostrou luta, atitude de vencedor. Porque temos de levar pancada para reagir?”, emendou. O meia Rivaldo não mostrava a mesma indignação de Émerson. O jogador do Barcelona acredita que o problema do Brasil foi sofrer gols no primeiro tempo. “A seleção brasileira não pode levar gols no primeiro tempo. Quando não sofremos gols, com certeza fazemos no segundo tempo e ganhamos a partida”, disse, sem muita convicção.

Enquanto os jogadores buscavam explicações para o vexame e o técnico Wanderley Luxemburgo, resignado, avisava que outras derrotas virão na seqüência das eliminatórias, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, com semblante fechado, esperava elenco e comissão técnica dentro do ônibus. O dirigente não fez o menor esforço para disfarçar seu descontentamento com a maneira que o Brasil perdeu para o Chile.

Agência Estado