São Paulo - Com um orçamento de US$ 200 mil, o alpinista Waldemar Niclevicz conseguiu garantir algumas "mordomias" durante sua primeira escalada ao pico do K2, segunda montanha mais alta do mundo, com 8.611 metros, atrás apenas do Everest, com 8.848.
Habituado a comida desidratada, dessa vez ele teve à disposição um verdadeiro "cardápio", com feijoada, farinha de mandioca e bananada incluídas entre os 250 quilos de alimentos consumidos durante a expedição de 75 dias.
Mas a "boa vida" ficou resumida à alimentação. Embora não seja o mais alto, o K2 é considerado pelos especialistas em alpinismo como o monte mais perigoso do mundo, devido à geografia da região, próxima à Cordilheira do Himalaia, na fronteira entre Paquistão e Índia. O local possui áreas com verticalidade acentuada. "Certos pontos são intransponíveis, nem acúmulo de neve existe", explicou o aventureiro brasileiro, que já havia tentado duas vezes, mas sem sucesso.
E Niclevicz constatou que a fama da montanha é justificável. Nesta quinta-feira, em entrevista coletiva em um hotel na capital, ele garantiu que, se soubesse exatamente o que teria de enfrentar, talvez tivesse abandonado a idéia. Ele citou duas passagens que quase o fizeram voltar. A primeira durante a subida, quando teve de enfrentar um paredão de gelo com 80 metros de altura prestes a desabar e provocar uma avalanche que, certamente, o mataria.
A segunda no retorno à base, quando, sem sua lanterna, ficou aterrado na neve até a cintura, durante várias horas, esperando o dia amanhecer para prosseguir a descida. "Esse foi o momento mais complicado de toda a escalada", afirmou. "A única coisa que fiz foi tentar não pensar em nada, evitando assim a depressão."
Apesar das dificuldades enfrentadas, o alpinista garantiu que seu próximo projeto deve acontecer em dois meses, mas não quis adiantar nada sobre o assunto. Sua idéia é evitar compromissos. A única coisa que Niclevicz comentou sobre escaladas foi sobre sua vontade de subir em algo mais baixo: o altar. "O casamento é um dos sonhos que ainda não realizei."