São Paulo - Depois da derrota por 3 a 2 para Cuba na final da Copa América, o técnico da seleção brasileira masculina, Radamés Lattari, vai dar prioridade aos treinos de saque. O Brasil, que foi superado principalmente por causa dos sacadores cubanos, reapresenta-se nesta quarta-feira em Barueri.
Em função da nova regra dos pontos corridos e a possibilidade de queimar o saque, o fundamento tornou-se o mais valorizado de todos em uma partida de vôlei atualmente. "Cuba foi mais eficiente no saque nos momentos decisivos e venceu", reconheceu Lattari.
O saque pode transformar-se em ponto direto (ace), fazer com que o ataque adversário fique no bloqueio ou proporcionar uma defesa, seguida de contra-ataque. "Quando somente um atleta ganhava jogo?", pergunta o técnico da Ulbra, Jorginho Schmidt. "Agora isso é possível porque basta estar inspirado e dar na bola."
O bom sacador, segundo ele, é aquele com rendimento acima de 50% (média dos jogadores) e que consegue dosar o peso e efeito da bola. Além disso, precisa colocar a bola em qualquer distância e direção da quadra adversária.
"O saque é mais importante que o ataque pois além de fazer o ponto de antemão, evita que o adversário jogue", opinou Schmidt, que intensificou o treinamento de saque da Ulbra, que tem como destaque no fundamento o ponteiro Gilson.
Schmidt recorda do último jogo do Campeonato Paulista contra o São Caetano. O placar estava 14 a 9 para a Ulbra. Gilson sacou "viagem" e levou o marcador a 22 a 9. Aplicou um ace, três pontos em função do erro de recepção adversária. Os outros pontos foram resultados de erros de ataque do São Caetano e bloqueio.
Para o técnico do Report/Suzano, Ricardo Navajas, o vôlei é um "saquebol". "O jogo perdeu muito da tática e emoção porque sacou forte é ponto", opinou. Mesmo com a determinação da Federação Internacional da modalidade que o esporte não terá novas mudanças de regra nos próximos anos, Navajas acredita que se a proibição de queima de saque voltasse a vigorar, a partida melhoraria muito. "O vôlei está sem lógica, qualquer time pode vencer", disse. "Isso sem contar com o aumento exagerado de bolas altas na ponta."
No masculino, o objetivo principal do saque forçado é o ace. Se não efetuado, passa a ser a quebra da recepção adversária. No feminino, que não tem tanta potência, a meta é quebrar o passe. Aliado a isso, o ataque das mulheres é menos forte e passa-se a ter defesas e contra-ataques com mais facilidade. Em função disso, o saque é o principal fator que leva ao ponto. "Dependendo do momento do jogo, um saque flutuante é melhor que um canhão", declarou Sérgio Negrão, do BCN.
Na sua equipe, nenhuma atleta saca viagem e o índice de acerto é fraco. Para minimizar esta deficiência, introduziu punições militares nos treinos do BCN para quem erra saque. "Elas pagam com brincadeira de cavalinho e abdominais e corridas extras nas quadra", contou o treinador, que destaca a ponteira Patrícia Cocco, do Pinheiros. "Ela coloca o saque viagem onde quiser."