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Iatismo brasileiro espera 3 medalhas nos Jogos
Quarta-Feira, 23 Agosto de 2000, 20h30

São Paulo - O iatismo brasileiro está pronto para assumir em Sydney a liderança isolada do provavelmente modestíssimo quadro de medalhas olímpicas do Brasil.

Esporte que mais ouro deu ao país -- quatro, contra três do atletismo --, o iatismo soma até hoje dez medalhas (tem ainda uma de prata e cinco de bronze) e perde por apenas uma conquista na contagem geral para o atletismo. Agora, a equipe brasileira está pronta para virar o jogo na baía de Sydney.

``Podemos trazer no mínimo três medalhas'', garante o paulista Robert Scheidt, ele mesmo o maior candidato ao primeiro lugar do pódio. E Robert não está sendo nada exagerado em suas previsões. Se ele, como atual campeão olímpico, tetracampeão mundial e bicampeão panamericano, é apontado como forte candidato ao ouro na classe Laser, seus colegas Torben Grael e Marcelo Ferreira não ficam atrás. Campeões em Atlanta e ex-campeões mundiais, os dois cariocas também estão entre os favoritos na classe Star.

``A outra medalha eu acredito que venha com o Bimba (Ricardo Winck) na prancha à vela'', analisa Scheidt. ``Ele ainda é novo -- tem 20 anos --, mas se tiver a cabeça no lugar tem tudo para surpreender'', completa o iatista, que cita ainda o 470 masculino (Alexandre Paradeda e André Fonseca) e a Finn (Christoph Bergmann) como classes que também podem dar medalhas para o Brasil nos Jogos de Sydney.

Para confirmar as previsões, Scheidt, Torben e Bimba passaram boa parte do ano treinando ou competindo na baía de Sydney e conhecendo as nuances de vento e correnteza do local. ''Tudo o que a gente podia fazer em termos de preparação nós fizemos. Agora é esperar o início das provas'', afirma Scheidt.

Esporte ainda considerado elitista e dominado basicamente por descendentes de estrangeiros de nomes estranhos, como Scheidt, Bjorkstrom ou Ficker, o iatismo vai aos poucos caindo no gosto dos brasileiros, que já se acostumaram a cada quatro anos a vibrar com as conquistas desses compatriotas de quem mal conseguem pronunciar o nome.

Desde a Olimpíada de 68, no México, a modalidade só não subiu no pódio em 72 (Munique) e em 92 (Barcelona). ``Acho que acabou faz tempo essa história do iatismo ser considerado um esporte de elite'', afirma Alex Welter, medalha de ouro na classe Tornado na Olimpíada de Moscou. ``Hoje o profissionalismo é muito grande e todos vivem da vela''.

Um dos responsáveis por essa mudança de pensamento, o brasileiríssimo Torben Grael aposta na popularização do esporte criando escolinhas de vela para crianças pobres em Niterói. ``O Brasil é um país que tem mar e clima para que a gente possa treinar o ano inteiro'', aposta o timoneiro do barco Star, que evita falar em medalha, apesar da confiança numa boa atuação. ``Temos chances, estamos treinados, mas não dá para prometer nada.''

Reuters


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