Rio - Em sua segunda partida como titular na seleção brasileira, o goleiro Rogério Ceni terá, contra a Bolívia, a oportunidade de conquistar o espaço antes ocupado por Dida. Será como uma estréia porque o jogador prefere esquecer a partida com o Barcelona no ano passado. Ao não convocar Dida, considerado titular absoluto até então, a comissão técnica demonstrou plena confiança em Rogério. "Não vejo como uma partida especial; atuar pela seleção é sempre um desafio", minimizou o goleiro, que garante não estar nervoso.
As declarações de Rogério, evitando polêmicas, e a dedicação nos treinos demonstram a importância do jogo em sua carreira. Mesmo as cobranças de falta, que são praticadas repetidas vezes no São Paulo, foram deixadas de lado. "Cheguei à seleção por causa das minhas qualidades debaixo do gol."
A atitude visa não contrariar o técnico Wanderley Luxemburgo, que proibiu o goleiro de bater faltas porque o Brasil tem outros cobradores. "Sou subordinado a ele, tenho de obedecer as ordens", reconheceu ele, acrescentando que concorda com o treinador. Enquanto houver jogadores de "categoria" como Alex e Rivaldo, explicou, não há necessidade de tentar o gol.
Ainda com o objetivo de evitar um confronto com o treinador, o goleiro não comenta a sua primeira experiência como titular, que causou polêmica entre eles. Na partida contra o Barcelona, em julho de 1999, o Brasil empatou com o Barcelona e Luxemburgo atribuiu os dois gols sofridos pela seleção a falhas de Rogério. Após o jogo, no entanto, o goleiro afirmou que teve umas das maiores atuações de sua carreira, classificando os lances como infelicidades.
A partir daí, Luxemburgo não chamou mais Rogério para a seleção porque ficou irritado com o fato de o goleiro não ter admitido que errou. "Não falo mais sobre isso, é um episódio que faz parte do passado", esquivou-se.
Antes disso, o treinador tinha convocado Rogério quatro vezes, mas em todas ele ficou no banco de reservas. A primeira vez que foi chamado para seleção foi com Zagallo e, desta vez, ele completa 17 convocações. Nas eliminatórias, ele esteve presente apenas na partida contra o Chile.
Um aliado de Rogério na luta pela vaga de titular na seleção é o preparador de goleiros Valdir de Moraes, com quem ele trabalhou em 1991 no São Paulo. Ao lado do outro preparador, Paulo César Gusmão, Moraes foi um dos responsáveis pela volta do goleiro à seleção. "O Rogério tem todas as condições de assumir o posto de titular do gol Brasil.", elogiou Moraes.
O goleiro garantiu estar preparado para agüentar a pressão que fez Dida sucumbir e perder a posição. Mesmo o fato de o jogo ser no Maracanã, onde a torcida costuma ser mais crítica, não assusta Rogério. "O torcedor paga ingresso e tem o direito de vaiar", observou ele, que considera ter estilo similar ao do antigo titular. Para vencer a Bolívia, observou, o empenho de todos os jogadores é essencial. "Cada um tem de fazer e acontecer dentro de campo."