São Paulo - A seleção brasileira feminina de handebol prepara-se para participar da primeira olimpíada de sua história com o espírito desarmado. Ciente de que não está entre as principais forças da competição, e no melhor estilo franco-atirador, o time campeão pan-americano em Winnipeg pretende surpreender os favoritos.
O Brasil ficou no grupo mais difícil dos Jogos de Sydney. Vai enfrentar na primeira fase a Dinamarca, atual campeã olímpica; a Noruega, atual campeã mundial; a Áustria, bronze no mundial; e a Austrália, a dona da casa, com a qual a equipe dirigida pelo técnico Digenal Cerqueira estréia no torneio.
"Só o fato de participar da Olimpíada já garante a alegria digna dos campeões às jogadoras", acredita o treinador. "A alegria não será menor se ficarmos em 10º e último lugar." O encantamento das jogadoras com a possibilidade de disputar uma olimpíada ficou evidente logo no desembarque da equipe no Aeroporto de Canberra.
Nem mesmo o frio, o vento, o vôo turbulento que a delegação teve desde Sydney tiraram o ânimo das atletas, que tiraram muitas fotografias ainda no saguão de desembarque. Com a mesma base campeã em Winnipeg, a seleção fez uma longa preparação para a Olimpíada. Fez amistosos com Cuba, Alemanha e Austrália e disputou um torneio contra Argentina e Paraguai. "Tudo o que tinha de ser feito já foi", diz Cerqueira. "A única dificuldade agora é controlar a ansiedade pela estréia."
A armadora Zezé não tem essa preocupação. Ela acha que o time está bastante motivado e consciente de que o jogo-chave será o da estréia, contra a Austrália. "A nossa esperança é passar para a segunda fase da competição e, para isso, temos de derrotar as australianas", comenta a jogadora, de 30 anos, a maior artilheira da história da Seleção, com mais de 350 gols marcados. "O grupo está bem preparado, com espírito de luta."
No Campeonato Mundial do ano passado, o time mostrou um pouco de sua força. Passou pela primeira etapa da competição e foi eliminado nas oitavas-de-final pela poderosa equipe da Dinamarca, que jogou em casa e teve o apoio de sua torcida.
Jornal da Tarde