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Sanderlei vive momentos de angústia nos EUA
Quarta-Feira, 06 Setembro de 2000, 02h31

Camberra (Austrália) – O velocista Sanderlei Parrela não desembarcou terça-feira com a delegação brasileira de atletismo em Camberra. Está com lugar reservado no vôo dos Estados Unidos – treina e vive em Clenson, Carolina de Sul – para a Austrália. Uma reserva que, no entanto, pode ser cancelada.

Sanderlei convive com a incerteza sobre sua participação nos Jogos Olímpicos de Sydney. As provas do atletismo começam dia 22 e o corredor tenta invalidar o resultado positivo, para um derivado do esteróide anabolizante nandrolona, de controle antidoping realizado em maio, no Rio. O atleta apresentou recurso diretamente ao Conselho da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) que poderá ser avaliado em Sydney, a partir do dia 11.

Todos os membros do Conselho da entidade, incluindo o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Roberto Gesta de Mello, estarão na Austrália para os Jogos Olímpicos.

Se o caso do atleta for a julgamento – o trâmite padrão inclui análises pelo Tribunal da CBAt e Painel de Arbitragem da IAAF –, vai levar alguns meses para ser resolvido e Sanderlei ficará fora da Olimpíada. Por causa disso, a tentativa do atleta e do técnico Luiz Alberto de Oliveira, orientados pelo advogado Thomaz Paiva de Mattos, foi de apresentar recurso diretamente aos dirigentes máximos da IAAF, tentando anular o resultado do exame. A alegação é que a mostra da urina enviada do Brasil para o laboratório de Montreal, no Canadá, para o controle, continha bactérias. A única chance de Sanderlei é ter sucesso na apelação à IAAF.

A esperança pela presença de Sanderlei Parrela não pode ser grande. Até porque as declarações do vice-presidente da IAAF, o sueco Arne Lindqvist, transformadas em um documento enviado às confederações de atletismo de todos os países filiados à entidade, inclusive o Brasil, trouxeram um enorme transtorno à credibilidade do controle antidoping.

Lindqvist, que já havia criticado a absolvição do cubano Javier Sotomayor, recordista mundial do salto em altura, com resultado positivo por uso de cocaína no ano passado, também afirma que o caso da brasileira Elisângela Adriano foi uma decisão errada do Conselho. A atleta, que faz arremesso do peso e lançamento do disco, foi absolvida do resultado positivo por nandrolona, mas não obteve índice para disputar os Jogos Olímpicos.

Em seu documento, Lindqvist chega a propor que o membro do Conselho que pertencer ao país de um atleta em julgamento saia da sala se o tema estiver na pauta das discussões, o que inclui o presidente da CBAt.

O caso do fundista André Luiz Ramos, suspenso por resultado positivo em 30 de dezembro de 1998, deverá ser julgado em outubro ou novembro.

O Estado de S.Paulo


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