Sydney - O "caso Guga" deflagrou quarta-feira uma nova operação na delegação olímpica brasileira, alojada no Instituto Australiano de Esportes (IAE): a fiscalização dos uniformes que os atletas estão usando nos treinamentos e nas dependências da concentração em Canberra.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) determinou aos chefes de equipes a responsabilidade pelo uso correto de todas as roupas fornecidas pela Olympikus, marca oficial.
De todos os integrantes da delegação, os únicos autorizados a usar outra marca nos treinamentos são os representantes do atletismo, cuja confederação mantém, até 31 de dezembro, contrato de fornecimento de material esportivo com a italiana Fila.
Mesmo assim, os primeiros incidentes foram registrados. O chefe da delegação de atletismo Martinho Nobre dos Santos teve de chamar a atenção de alguns corredores que estavam na sala dos computadores do IAE para acessar a Internet, com calças de agasalho da Fila. O dirigente solicitou a imediata troca de roupa. "Vamos ter de tomar cuidados adicionais para cumprir a solicitação do COB", comenta o secretário-geral da Confederação Brasileira (CBAt). "Eles saem do treinamento e esquecem de trocar o agasalho." Martinho entregou uma lista de material que ainda falta ser fornecido aos atletas pela Olympikus e outra relação do que precisa ser trocado ao representante da empresa na delegação, Maurício Fragata.
O velocista Claudinei Quirino, um dos atletas que têm o patrocínio individual da fábrica de material esportivo gaúcha, reclamou não ter roupas suficientes. A reclamação foi feita diretamente a Fragata, que ficou de resolver o problema. "Temos diversos fornecedores no Brasil e o tamanho nem sempre é o mesmo", explica. "O tamanho G de uma empresa nem sempre é compatível com o de outro fabricante."
A culpa, porém, nem sempre é de fornecimento. O barreirista Eronildes Araújo, por exemplo, deixou em casa metade do material que recebeu da Olympikus para uso na Austrália. Ele argumentou com o chefe de equipe que não sabia que teria de trazer todos os uniformes. "Fiquei tão surpreso que nem quis entrar em discussão", lembra Martinho.
Nos treinos do judô, os atletas têm usado roupas de outras marcas por baixo do quimono. Nas sessões de alongamento, por exemplo, quando tiram o uniforme de luta, alguns exibem camisas de seus clubes, o que é vetado pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Por isso, o COB reforçou a vigilância.
Jornal da Tarde