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Aborígenes pegam carona nos Jogos
Sexta-Feira, 08 Setembro de 2000, 09h29

France Presse

Sydney - À margem do espetáculo e das competições, os aborígenes aproveitarão os Jogos Olímpicos de Sydney para fazer-se escutar e mostrar a face menos sedutora da Austrália, a da marginalização dos descendentes dos primeiros habitantes da ilha.

Os aborígenes já encontraram uma defensora de sua causa. A campeã do mundo dos 400m, Cathy Freeman, que é aborígene, mencionou a possibilidade de entrar na política.

"Gostaria de contribuir para que o governo reconheça mais claramente os fatos históricos e o sofrimento causado aos indígenas da Austrália e que peça perdão por isso", disse a atleta. "Pode ser que algum dia me incorpore politicamente para mudar a situação política de meu país".

Os militantes aborígenes pretendem montar tendas de campanha perto do estádio olímpico e manifestar-se aproveitando a presença de milhares de jornalistas em Sydney.

Os aborígenes autóctones da Austrália são cerca de 390 mil dos 18,5 milhões de habitantes do país e formam uma comunidade muito desfavorecida em numerosos campos, como os da educação, habitação, sistema judicial, saúde e emprego.

"Existem dois problemas. Por um lado, as desigualdades sociais e, por outro, o reconhecimento dos aborígenes como primeiros ocupantes destas terras", afirmou um porta-voz da Comissão dos Aborígenes e dos Habitantes do Estreito de Torres (Atsic), uma organização governamental que representa os interesses desse povo.

Em comparação com o resto da população, a esperança de vida dos aborígenes é de entre 15 e 20 anos a menos, a mortalidade entre 3 e 5 vezes superior e o padecimento de enfermidades infecciosas é 12 vezes maior, segundo o Instituto australiano da Saúde.

Um informe de John Deeble, catedrático da Universidade Nacional Australiana, revelou que, por cada dólar gasto pelos serviços de saúde com um australiano não aborígene, são gastos apenas 27 centavos com um habitante autóctone.

"Está claro que os serviços de proteção da saúde não dão a mesma assistência médica às famílias aborígenes que às das demais comunidades. Em uma questão como a saúde, o Governo australiano está com 20 ou 30 anos de atraso em relação a países como Canadá e Nova Zelândia, que também têm populações indígenas", disse Deeble.

Em matéria de educação, o balanço também não é satisfatório. Somente 33% das crianças aborígenes conseguem escolarizar-se, enquanto a média nacional é de 77%, e apenas 2,2% dos aborígenes conseguem um diploma de ensino superior, ante uma média nacional de 12,8%.

Com pouca formação, os aborígenes são as primeiras vítimas do desemprego, além de viver em áreas rurais muito afastadas dos centros urbanos.

Os esforços para melhorar as relações entre a comunidade indígena e o resto da população australiana esbarram em uma série de idéias preconcebidas sobre os aborígenes.

Um dos mais estendidos se refere ao alcoolismo imputado à maioria deles. Um informe da Comissão de Direitos Humanos informou, contudo, que em 1995 32% dos aborígenes não ingeriam bebidas alcoólicas, enquanto somente 16% das demais comunidades australianas não o fazem.

Segundo os defensores dos direitos dos aborígenes, sua causa não constitui uma prioridade para o atual governo conservador de John Howard, que se nega continuamente a pedir desculpas publicamente pelos maus tratos infligidos aos indígenas no passado.

Essa questão representa para os aborígenes uma etapa essencial em relação ao sucesso do processo de reconciliação entre as comunidades australianas.

France Presse


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