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Levantadora de peso brasileira treina apesar de contusão
Sexta-Feira, 08 Setembro de 2000, 15h44

Sydney - Os primeiros dias de treinamento foram extremamente dolorosos para a única representante brasileira no levantamento de peso. A mineira Maria Elizabete Jorge ganhou bolhas nas palmas das mãos ao começar o treinamento em Sydney na segunda-feira com um equipamento diferente ao que usa no Brasil. ``Fui a primeira a usar o equipamento, que tinha frisos para a mão não deslizar. Ao estreá-lo, me machuquei. Ainda dói muito, minha palma da mão está quase em carne viva'', disse ela à Reuters na tarde de sexta-feira australiana (madrugada no Brasil).

Maria Elizabete não pôde deixar de treinar porque a barra usada em Sydney é diferente da usada no Brasil, o que exige uma adaptação por parte da atleta. ``No Brasil não temos condições de adquirir uma barra feminina. Uso a masculina, mas aqui estou tendo que me acostumar'', diz.

O médico-chefe da delegação brasileira, João Grangeiro Neto, está tratando a levantadora de peso de 43 anos com pomada cicatrizante. ``Ela está com bolhas nas palmas das mãos, mas tudo indica que vai estar recuperada quando a hora da competição chegar'', disse ele. ``Como ela tem que se adaptar a essa nova barra, não pode se dar ao luxo de parar de treinar''. Maria Elizabete tem o dobro da idade de suas principais rivais chinesas, búlgaras, nigerianas e norte-americanas mas, segundo seu treinador, pode ganhar na persistência.

``Ela é uma atleta que tem demonstrado dedicação e vem superando seus limites. Seu objetivo é ultrapassar a marca dos 140 quilos. Teríamos uma bela estréia se ela conseguisse ficar entre as 15 primeiras colocadas'', diz seu técnico, o colombiano David Gómez.

Enquanto as mãos não saram, a levantadora de peso vai sonhando com a idéia de chegar à marca dos 150 quilos e tentando esquecer a dor. Gómez não a deixa usar luvas, pois um elemento novo levaria ainda mais sua concentração para as mãos. ``No levantamento de peso, tudo depende da força explosiva das pernas. Concentração nas mãos, só nos tempos em que era lavadeira em Minas Gerais. Lavar roupa exige força nos punhos. Não é isso que preciso agora'', diz a atleta.

Reuters


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