São Paulo - O Uruguai está montando uma operação de guerra para a partida contra a Bolívia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, no próximo dia 15 de novembro. O técnico Daniel Passarella pretende viajar para La Paz 23 dias antes da partida, tentando fazer com que seus jogadores se acostumem ao efeito da altitude da capital boliviana (aproximadamente 3.600 metros). Tudo em nome do grande esforço que se faz para levar o Uruguai de volta a uma Copa do Mundo. A última foi em 90, na Itália.
Esperando referendo A idéia de Passarella passou pela decisão tomada em uma reunião com os diretores da Tenfield, empresa que detém os direitos da Seleção Uruguaia e dos clubes nacionais. A idéia da mesa diretora de clubes, no entanto, precisa ser aprovada em uma Assembléia Geral, já que alteraria todo o calendário do futebol do País.
Aprovada, a "convocação extraordinária" da Seleção vai fazer com que as três últimas rodadas do Torneio Clausura do Campeonato Uruguaio, incluindo o clássico entre Peñarol e Nacional, sejam adiadas. Como conseqüência, seriam adiadas as finais da competição, que já tem o Nacional (campeão do Apertura). A Liguilla, que define os outros representantes do país na Copa Libertadores da América passaria a ser jogada somente em janeiro do ano que vem.
Para se livrar de problemas com clubes europeus, que não cederiam seus jogadores por tanto tempo, Passarella não pretende chamar nenhum jogador que não atue em clubes uruguaios, podendo assim fazer o processo de aclimatação que deseja.
A idéia encontra resistência. Os clubes grandes querem parar o Campeonato, sabendo que seus principais jogadores serão convocados. Os médios e pequenos dizem que não suportariam ficar tanto tempo sem atividade, o que traria enormes prejuízos.
A irritação de Passarella começou no último jogo válido pelas Eliminatórias, contra o Equador. Apesar da vitória por 4 a 0 e da permanência da equipe na terceira colocação das Eliminatórias, ele ficou revoltado quando o Nacional exigiu utilizar dois de seus jogadores convocados em uma partida da Copa Mercosul. Com isso, o técnico só teve o grupo completo nas mãos para a realização dos treinamentos três dias antes do jogo. "Os dirigentes romperam um pacto de cavalheiros", reclamou ele.
Passarella foi contratado a peso de ouro - US$ 75 mil mensais - para tentar tirar o futebol uruguaio da crise em que está depois de dois fracassos seguidos em Eliminatórias (94 e 98). Apesar da boa campanha e da terceira colocação, os uruguaios acham que a definição das vagas para a Copa de 2002 só sairá nas últimas rodadas.
E dificuldades "A briga vai ser muito grande pelo terceiro lugar", diz o técnico, já considerando que Brasil e Argentina ficarão nos dois primeiros lugares.
"Pelo modo como as coisas estão acontecendo, Uruguai, Colômbia e Paraguai vão lutar pelas terceira e quarta vagas. E será uma luta dura, que só será definida nas três últimas rodadas. Até lá, ainda teremos muitos altos e baixos", previu. A América do Sul classifica os quatro primeiros colocados das Eliminatórias direto para a Copa de 2002. O quinto colocado disputa uma repescagem contra um representante da Oceania.
A próxima partida do Uruguai será dia 7 de outubro, em Buenos Aires, contra a Argentina. Sobre o próximo rival, o treinador disse que já conhece a maioria dos jogadores. Passarella foi técnico da Argentina na Copa da França, em 1998. "A equipe uruguaia que for jogar não pode ter medo dos argentinos", disse ele
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