São Paulo - O promotor de Justiça Fernando Capez, que ouviu a fita com as ameaças de morte contra o diretor de Futebol Carlos Nujud e a família dele, reconheceu a voz da pessoa que fez as ameaças como sendo a de um diretor da Gaviões da Fiel e confirmou isso ontem ao JT. Ele entende que o delegado da Polícia Civil responsável pelo inquérito deve solicitar um exame pericial da fita, para que a voz do suspeito seja comparada com a voz da fita.
"Essa voz me soou uma voz conhecida de um diretor da Gaviões", disse Capez.
"Se a polícia conseguir provar que as vozes são as mesmas, aí sim vou incluir esse fato no meu processo em que peço a extinção da Gaviões da Fiel."
Mantendo o segredo Capez só não quis revelar o nome do diretor da Gaviões que ele acredita ser o autor dos telefonemas. Porém, não tem dúvidas de que a torcida organizada tem a ver com as ameaças deixadas na secretária eletrônica de Nujud. "Essa é mais uma evidência de que a Gaviões está envolvida em atos de violência, ainda que disfarçada com a realização de obras assistenciais."
Nujud desmentiu que tenha ficado fora da viagem para Montevidéu com a delegação corintiana, ontem, com medo de deixar a sua família sozinha. "Só não acompanhei a delegação porque fiquei em São Paulo para agilizar as inscrições de Müller, Djair e Rogério na CBF", justificou o dirigente.
No boletim de ocorrência feito no 52º DP Nujud não acusou diretamente a Gaviões, mas suspeita que as ameaças tenham partido de "alguém da torcida organizada". Também promete ir até o fim no caso para se defender das acusações de ladrão.
"Se as pessoas que estão me chamando de ladrão não apresentarem provas na Justiça, vou exigir uma indenização compatível com tudo aquilo que tenho sofrido ultimamente. Já tenho um advogado constituído, que o clube colocou à disposição, e vou até o fim nisso." E completou: "A questão já extrapolou os limites do cargo e atingiu a minha família num sentido até mais amplo do que a integridade física dos meus filhos. Há o lado moral também em questão. Se eu permanecesse calado, aceitando todas as acusações levianas contra mim, seria uma atitude suspeita."
Outro lado Aparentemente despreocupado com as suspeitas da Polícia e do promotor Fernando Capez sobre o envolvimento da Gaviões em mais esse episódio de violência, o presidente da torcida organizada, José Cláudio Almeida Moraes, o Dentinho, voltou a afirmar ontem que as cobranças em cima do trabalho de Nujud vão continuar. "Não temos nada contra a pessoa do `Nei', mas o diretor de Futebol do Corinthians continuará sendo cobrado pela torcida. Ele sabe muito bem disso e só está querendo desviar a atenção com essa história de ameaças de morte", retrucou Dentinho.
Sem o menor receio do resultado das investigações policiais, Dentinho colocou a Gaviões à disposição das autoridades. "Nós somos os maiores interessados em esclarecer tudo. Se foi mesmo alguém da gente que fez as tais ameaças, queremos saber até para tomar uma atitude interna. Mas eu acho difícil provar isso, até porque a família do `Nei' sempre freqüentou a Gaviões da Fiel e nunca houve problema. Eles sempre foram bem tratados aqui", completou Dentinho.