Sydney - Cinqüenta motoristas de ônibus se demitiram nesta quarta-feira devido à má organização do sistema de transporte idealizado para os Jogos Olímpicos de Sydney, que os obriga a trabalhar até 16 horas por dia, informaram autoridades sindicais.
Os motoristas estão irritados com os atrasos que vão acumulando ao longo do dia e que os fazem prolongar seus horários e eliminar o tempo para refeições, segundo o sindicato dos Transportes (TWU).
Quando termina seu turno de trabalho e se tornam passageiros, os motoristas voltam a sofrer com as falhas do deficiente esquema de transporte e, por exemplo, alguns tiveram de esperar até três horas para que um ônibus os levasse da garagem central ao local onde se hospedam, explicou à imprensa Tony Sheldon, representante do sindicato.
Os organizadores dos Jogos contrataram mais de 4 mil motoristas vindos de todo o território australiano. Alguns deles mal conhecem Sydney e se perdem em seus itinerários, que também são mudados quase que diariamente.
Segundo o TWU, os responsáveis pela Rede de Transporte e Rodovias Olímipicas (Orta, sigla em inglês) ofereceram esta quarta-feira um aumento de salário aos motoristas, mas o sindicato pediu uma reunião urgente para solucionar os problemas, que podem resultar num autêntico caos quando os Jogos começarem para valer.
Um dos dirigentes da Orta, Paul Willoughby, reconheceu ontem sérias falhas no sistema de transporte e não pôde garantir que todos os motoristas façam os percursos pelo menos uma vez antes de transportar passageiros.
No total, espera-se que 34 milhões de pessoas utilizem os transportes públicos nos próximos 19 dias.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Juan Antonio Samaranch, sentiu na própria carne a desorganização do sistema de transporte, quando teve de esperar 25 minutos na porta de seu hotel que um ônibus passasse para apanhá-lo e acabou cancelando a visita que faria a uma das sedes.
A partir desta quarta-feira, a Orta pôs em funcionamento um plano que inclui trens suburbanos e ônibus gratuitos para espectadores munidos de ingressos para as competições, jornalistas, atletas, organizadores e delegações olímipicas, além de um serviço de trens de 24 horas.