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Curitiba - As denúncias contra o técnico da Seleção Brasileira, Wanderley Luxemburgo, de sonegação de impostos e participação em venda de jogadores, serão alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aprovada quinta-feira pelo Senado.
"Sem nenhuma dúvida, ele será um dos chamados a depor", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que propôs a criação da CPI. "O essencial nas investigações é a sonegação fiscal e a corrupção, que causam prejuízo ao País."
Segundo as denúncias, Luxemburgo responde a processos por sonegação fiscal. "Surpreendentemente, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, acabou admitindo como fato normal a sonegação", disse o senador. "Isso é um péssimo exemplo, porque, enquanto nos Estados Unidos quem sonega vai para a cadeia, aqui se diz que é normal."
Dias afirmou que também devem ser convocados a depor a principal acusadora de Luxemburgo, Renata Carla Alves, além de clubes que venderam jogadores e empresas que mantêm parcerias no setor esportivo.
O contrato da CBF com a Nike também está na pauta. "Há denúncias de favorecimento a esse ou aquele jogador", disse o senador. "O craque brasileiro foi colocado a serviço do interesse de uma empresa, que se coloca acima do interesse do país", acrescentou.
"A seleção brasileira não pode ser utilizada comercialmente em benefício de uma empresa." Mas alguns jogadores, sobre os quais pesam denúncias de sonegação fiscal, também deverão ser investigados pelo Senado.
A CPI deve ser instalada depois das eleições municipais, quando os partidos apresentarão os 11 membros titulares e seis suplentes. Como autor do requerimento à Mesa Diretora do Senado, Álvaro Dias pretende conseguir a presidência ou a relatoria da comissão. "Mas isso não está em discussão ainda", esquivou-se.
Segundo Dias, as denúncias que pipocaram sobretudo nos últimos dias motivaram-no a fazer o pedido da CPI. "Não podemos permitir que os escândalos continuem a ocupar espaço na imprensa nacional sem que as autoridades tomem qualquer tipo de providência", justificou.
"Nós podemos investigar o que há de suspeição em qualquer área." Para Dias, algumas vendas de jogadores para o exterior continuam inexplicadas. "Nunca se sabe o valor real da transação."
Segundo ele, o Banco Central já identificou uma diferença de US$ 40 milhões entre valores que os clubes declararam haver recebido e a entrada efetiva no Brasil.
"É preciso mais transparência", afirmou. "Pode até estar ocorrendo lavagem de dinheiro, e há denúncias sobre isso". Para ele, também continua "suspeita" a relação dos bingos com os clubes de futebol.
O senador espera que, ao final das investigações, cujo relatório será encaminhado ao Ministério Público e Poder Judiciário, exista "um cenário para se elaborar uma legislação mais adequada".
O "aprimoramento" da legislação, segundo ele, deve passar por uma definição sobre a questão do patrocínio. Como exemplo, ele lamentou o que aconteceu com o Palmeiras. "Uma empresa chega, ganha o que pode em um determinado período e depois desmonta o time, sem que ninguém fique sabendo de nada", criticou.