Sydney - O bronze por equipes nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, ficou na História como a primeira medalha olímpica do hipismo brasileiro. Mas, para os mesmos cavaleiros que agora irão disputar os Jogos de Sydney, o bronze já é passado. Após quatro anos e muitos títulos no currículo, o Brasil tem condição de brigar pelo lugar mais alto do pódio olímpico. “Nós viemos aqui para disputar o ouro”, afirmou Luiz Felipe Azevedo, cavaleiro mais experiente da equipe brasileira, com 47 anos.
O Brasil vai repetir os mesmos cavaleiros de Atlanta, mas veio com duas novas montarias para Sydney. Luiz Felipe monta Ralph, com o qual manteve a melhor média da Copa da Nações deste ano. E Rodrigo Pessoa monta Baloubet du Rouet. O conjunto venceu as três Copas do Mundo (98, 99 e 2000) e Baloubet é considerado o melhor cavalo de saltos do planeta. Assim, todos chegam confiantes por uma boa campanha nas terras australianas.
“Em Atlanta nós éramos considerados completos azarões. Agora temos conjuntos que estão sempre entre os melhores do mundo. Além do atual campeão mundial, Rodrigo Pessoa”, disse Álvaro Affonso Miranda Neto, o Doda, que foi oitavo colocado em Atlanta, a melhor colocação individual brasileira na competição.
As provas de saltos dos Jogos Olímpicos começam no dia 25, onde todos os cavaleiros fazem uma única passagem. No dia 28, os conjuntos voltam à pista do Parque Eqüestre de Sydney para mais duas passagens, quando será definida a classificação por equipe. Os 45 mais bem colocados passam para as finais, no dia 1º de outubro, quando duas passagens definem o campeão olímpico individual. Os conjuntos não levam os pontos das etapas anteriores para a final. “Isso torna a competição individual meio uma loteria. Em Atlanta, o Rodrigo teria vencido o ouro, pois só derrubou um obstáculo justamente na final", disse o técnico da equipe, Joberto Fonseca.
Todos estão esperando uma pista muito complicada. Os cavaleiros só têm acesso ao percurso uma hora antes da prova. “Tomara que a pista seja bem complicada para a medalha ser mais merecida ainda”, completou o cavaleiro.
Outro fator que torna a competição olímpica uma grande incógnita é a quarentena obrigatória para os cavalos dos outros continentes, que não a Oceania. Dificilmente os animais ficam tanto tempo sem competir. "Tem cavalo que reage bem, mas há outros que não gostam”, disse André Johannpeter. “Os nossos cavalos não têm muito problema com isso quanto os europeus, que competem quase toda a semana. Acho que vamos sair ganhando com essa história”, disse Luiz Felipe.
Tradicionalmente, Suíça, Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos são os favoritos. Mas com os resultados do último quadriênio, o Brasil vai conquistando, a cavalgadas rápidas, seu espaço entre os melhores. Sydney pode ser a consagração final. "Se vier um bronze, tudo bem. Mas nós estamos aqui para levar o ouro para casa", afirmou Luiz Felipe Azevedo.