Sydney - Quando o árbitro de partida apertar o gatilho para a largada dos oito finalistas na prova dos 100 metros rasos da Olimpíada de Sydney, às 6h20 deste sábado no horário de Brasília, não estará em jogo apenas a mais cobiçada medalha de ouro do torneio de atletismo. Os competidores vão também atrás da glória, da fama e, principalmente, do dinheiro que alicerça o mundo que gira em torno das principais estrelas do esporte internacional.
O ganhador da medalha de ouro da prova mais nobre do atletismo terá uma certeza após cruzar a linha de chegada em primeiro lugar: a de ter ficado milionário. Como um astro de Hollywood, o campeão olímpico fará parte de um grupo restrito de atletas, sempre assediados por empresários. O vencedor, se tiver saúde, terá agenda cheia em 2001, desfrutando as mordomias do circuito profissional de meetings.
É verdade que o show dos milhões no atletismo já viveu momentos mais encantadores, principalmente no início da década, quando atletas como Carl Lewis, Sergei Bubka e Said Aouita recebiam perto de US$ 50 mil por uma apresentação. Os cachês caíram um pouco até mesmo na Europa, centro em que os espetáculos se concentram. Nada, porém, que tire o sono, por exemplo, do norte-americano Maurice Greene, recordista mundial dos 100 metros rasos. Outra fonte cada vez maior de recursos para os atletas são os contratos assinados com as companhias de material esportivo.
Os maiores astros ainda atraem grandes patrocinadores e a atenção da televisão. Na Liga de Ouro de 1999, o mais seleto circuito de torneios, a romena Gabriela Szabo e o dinamarquês de origem queniana Wilson Kipketer dividiram um prêmio de 100 quilos de ouro. Para isso, tiveram de vencer suas provas em sete competições. Este ano, os organizadores diminuíram as exigências e também o prêmio. Para vencer, os atletas tiveram de ganhar cinco das sete etapas. Foram distribuídos 50 quilos de ouro.
A luta por um lugar de destaque no esporte, porém, é longa e extremamente concorrida. Um exemplo disso é o próprio torneio olímpico de atletismo. A direção do esporte fechou o número de atletas inscritos, chegando à incrível marca de 2.400 - pouco menos de 25% de todos os participantes em Sydney.