Sydney - A natação do Brasil foi muito mal na Olimpíada da água e piorou seu resultado em comparação com os Jogos de Atlanta, em 1996. As 15 (7 de ouro, 3 de prata e 5 de bronze) medalhas que ganhou no Pan-Americano de Winnipeg , em 1999, levaram a um erro de avaliação das chances de resultado dos nadadores nesses Jogos Olímpicos de Sydney - o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, chegou a prever que o Brasil ganharia seis medalhas. Gustavo Borges teve de procurar palavras para a campanha. Chamou de "participação modesta". O Brasil terminou a competição sem melhorar marcas individuais, sem recordes sul-americanos, sem presença em mais de duas finais olímpicas e quase sem medalha.
"Voltamos só com uma medalha na sacola, é analisar o que ocorreu, renovar e retomar o trabalho", afirma Gustavo Borges que, depois de um mês de férias, no Brasil, voltará aos Estados Unidos, em outubro, para providenciar sua mudança para São Paulo, com a mulher Barbara e o filho Gustavinho.
A participação do Brasil ficou restrita à medalha de bronze no revezamento 4x100 m, livre, e ao sétimo lugar, com honra, do nadador mais velho, Rogério Romero, 30 anos, nos 200 m, costas. Fernando Scherer, o Xuxa, que atribuiu o desempenho ruim à torção no pé direito, disse que o Brasil "tem de rezar para não ter mais competição na Austrália" - no Mundial de Perth, em 1998, a participação foi medíocre. Xuxa vai para o Brasil e depois para Nova York fazer um curso sobre tevê. Apesar do descanso, Gustavo e Xuxa planejam disputar a etapa de abertura da Copa do Mundo, em novembro, no Brasil.
No último dia de provas para o Brasil, o sexto da natação, Luiz Lima foi o 18.º entre 40 nadadores nos 1.500 m, livre (15mi23s15), sem cumprir o objetivo de melhorar o seu tempo. Deixou a piscina tentando entender como nadou na casa dos 15min22s no Sul-Americano e não repetiu o tempo na Olimpíada. O revezamento 4x100 m, medley, com Alexandre Massura, Eduardo Fischer, Xuxa e Gustavo fez o 12.º tempo, com 3min42s31.
O técnico Reinaldo Dias avaliou a presença do Brasil nas outras provas:
Revezamento 4x100 m, livre - "Foi tenso. Mas o Brasil queria essa medalha. O bronze era o que a equipe poderia ganhar e Gustavo Borges mereceu sua quarta medalha."
50 m, livre - "Nessa Olimpíada, o Brasil não pode contar com Xuxa (20.º, com 22s88). Inexperiente, Edvaldo errou na saída, o que é fatal nessa prova (23.º, com 22s96)."
100 m, livre - "Se o Gustavo repetisse seu melhor tempo teria ido à final. Merecia pelos três pódios seguidos, desde Barcelona. Sydney foi um momento difícil para Gustavo, 13.º nas eliminatórias (49s76) e 16.º nas semifinais (49s93)."
400 m, livre - "Luiz Lima fez uma boa programação, mas essa não era a prova dele. Ficou em 17.º (3min53s87).
100 m, costas - Alexandre Massura não foi bem. Se repetisse seu melhor tempo estaria na final. Foi o 13.º nas semifinais (56s07) e piorou o tempo das eliminatórias (55s58). Rogério estava preparado para os 200 m (23.º, com 56s44)."
200 m, costas - "Rogério foi bem em sua despedida olímpica. O sétimo (1min59s27), uma honra em um nível desses. Ele provou que o nadador hoje pode seguir carreira até os 30 anos. Leonardo Costa não nadou bem e o resultado foi o 14.º lugar na semifinal 1 (2min02s26), piorando o tempo das eliminatórias (2min01s08)."
4x200 m, livre - "O Brasil nadou com Edvaldo Valério, Leonardo Costa, Luiz Lima e Rodrigo Castro. Sem o Gustavo era o que podia fazer. Para o revezamento ser competitivo cada nadador tem de evoluir pelo menos 1 segundo. O Brasil está fora da média mundial - não passou das eliminatórias (7min26s42, foi 13.º). Rodrigo foi o 33.º nos 200 m, livre, individual (1min53s65). "
Feminino - A única representante da natação feminina, Fabíola Molina, nadou mal e perdeu a grande oportunidade de ir a uma semifinal, o que faria se repetisse o seu melhor tempo (1min03s12). Fabíola ficou com a 24.ª colocação nos 100 m, costas (1min03s68) e a 36.ª nos 100 m, borboleta (1min02s77), que não é a sua especialidade."