Sydney - As vésperas do jogo mais importante de sua vida, a meia Sissi denuncia a existência um plano contra a seleção brasileira feminina de futebol. "Tem uma pessoa dentro da equipe trabalhando para que a gente não consiga a medalha", afirma a jogadora, que enfrenta os Estados Unidos em Camberra, neste domingo, às 3 horas, horário de Brasília, pelas semifinais da Olimpíada de Sydney. "Mas ela vai receber a resposta em campo e, depois que a gente voltar para o Brasil, iremos colocar tudo em pratos limpos", promete.
Sissi não esconde a revolta contra o inimigo interno que, segundo ela, pertence à comissão técnica da seleção. "Essa pessoa está falando para a imprensa coisas absurdas, que não aconteceram, só para nos desestabilizar", garante a meia. "Temos engolido um monte de coisas por aqui, mas não vai ficar assim e, quando a competição acabar, todo mundo vai saber o que estamos passando."
A meia afirma que o problema era tudo o que a seleção não precisava, porém, no final, a situação acabou unindo a equipe. "Essa pessoa queria mexer com a gente e acabou conseguindo, mas não da maneira que ela queria", afirma Sissi. "Tá certo, nós jogadoras temos alguns desentendimentos, mas resolvemos na hora e encerramos o assunto."
Depois de falar dos problemas internos, Sissi observa os externos e não esconde que há na seleção um clima de revanche contra as norte-americanas. O Brasil saiu sem vitória nas últimas três partidas contra as adversárias. Na Copa Ouro, as equipes empataram por 0 a 0 na fase de classificação e na decisão do título o Brasil perdeu por 1 a 0. Semanas depois, os dois times disputaram um amistoso e o time brasileiro foi goleado por 4 a 0. A derrota abalou tanto o grupo que chegou a preocupar o técnico Zé Duarte durante a preparação para a Olimpíada. "Não é fácil chegar perto do título e perder para elas todas a vezes", diz Sissi.
A jogadora acredita que o grupo tem condições de quebrar esse tabu e entrar para a história com uma vitória porque está mais confiante do que na ocasião da goleada. O segredo, para Sissi, está na marcação. "Não podemos dar espaço porque elas não desperdiçam nenhuma oportunidade", afirma a meia. "Não é a toa que as norte-americanas são campeãs olímpicas e bicampeãs mundiais."
Assim como Sissi, o técnico Zé Duarte acredita que o Brasil tem condições de vencer os Estados Unidos se for compacto na defesa e, principalmente, mostrar disposição. "Assistimos ao vídeo do jogo delas contra a Nigéria e concluímos que o time não tem minhoca - são todas cobras - mas também não existe nenhuma cobríssima", diz o treinador.
Segundo ele, as jogadas mais perigosas do time de Mia Hamm são a cobrança de escanteio na segunda trave e os ataques pela esquerda. Na escalação do time, a lateral Maicow que substitui Rosana no jogo contra a Austrália, agradou o treinador e permanecerá na equipe. No meio-de-campo, Formiga substitui Raquel.