Sydney - Se algum homem e alguma mulher podem voar, com certeza eles se chamam Maurice Greene e Marion Jones. Os dois provaram isso ao conquistarem as medalhas de ouro nos 100m rasos, tanto no masculino quanto no feminino. A americana Marion Jones venceu com facilidade marcando 10s75. Logo depois, o seu compatriota Maurice Greene faturou a prova mais nobre e mais esperada do atletismo ,com 9s87, apenas oito centésimos acima do recorde mundial.
O grande favorito não decepcionou. Cumpriu a promessa: disse que voaria e voou, de fato, na pista.
Durante os poucos segundos da prova, o que se viu foi um Maurice Greene determinado a conquistar a vitória e estar no lugar mais alto do pódio. No fim, um "Thanks God" (graças a Deus) pôde ser lido saindo de seus lábios logo após cruzar a linha.
A medalha de prata ficou com o melhor amigo, companheiro de quarto e treinamento: o atleta de Trinidad e Tobago Ato Boldon, que cravou 9s99. Ele fez questão de abraçar o amigo após a chegada, uma cena que emocionou o público presente no estádio.
Obadele Thompson, de Barbados, levou o bronze, com 10s04, melhorando o quarto lugar conquistado em Atlanta-96. Nessa mesma Olimpíada, Greene saiu chorando do estádio por ter perdido. Quatro anos depois, ele voltou a chorar, mas de felicidade, por ter conquistado o ouro.
A velocista Marion Jones, de apenas 24 anos, passeou na pista, dominou completamente a prova, fez o tempo de 10s75 e conseguiu uma distância de quase cinco metros da segunda colocada, a grega Ekaterini Thanou (11s12 ). O bronze ficou com a jamaicana Tanya Lawrence, com 11s18.
A grande decepção da prova foi a jamaicana Merlene Ottey, de 40 anos, que terminou com um decepcionante quarto lugar, a apenas um centésimo da sua compatriota Tanya. Com o resultado, ele acabou não conquistando a sua tão sonhada oitava medalha olímpica.
A comemoração de Marion começou ainda na pista com muitos sorrisos, pulos e homenagens. A primeira delas foi feita à mãe: Marion fez questão de mostrar ao mundo a bandeira de Belize, terra natal de sua mãe, e, claro, a bandeira americana.
Decepcionada com a derrota, Merlene deixou a pista sem dizer uma palavra. Por outro lado a campeã não cansava de festejar a conquista da medalha:
"Eu estava confiante. Fiz tudo que tinha de ser feito para vencer", disse ela.
Com a vitória, Marion começou a cumprir a promessa de conquistar para os EUA cinco medalhas de ouro, sendo uma nos 100m rasos, outra nos 200m rasos, a terceira no salto em distância e as outras duas nos revezamentos 4 x100m e 4 x400m.
Assim, a atleta igualaria o recorde do finlandês Paavo Nurmi, único atleta a ganhar cinco medalhas de ouro numa mesma Olimpíada, a de 1924, em Paris. O mais próximo que uma mulher chegou da marca foram as quatro medalhas conquistadas pela holandesa Fanny Blankers-Koen, nas Olimpíadas de 1948, em Londres.