Sydney - Se nem os mais otimistas podiam prever o quanto o nível técnico da natação seria elevado nos Jogos Olímpicos de Sydney, o abismo que existe entre o Brasil e os outros países, uma lista que antes só tinha Estados Unidos e Austrália, mas que já aumentou com a inclusão da Itália, Holanda e Suécia, ficou ainda maior.
A natação deixa os Jogos com uma medalha de bronze. É certo que foi ganha em uma prova clássica, o revezamento 4x100 m nado livre. Mesmo assim, a diferença a ser alcançada é enorme e o presidente da Confederação Brasileira de Natação (CBDA), Coaracy Nunes, está em apuros.
O esporte precisa investir na formação de novos talentos, a partir de um programa que, necessariamente, passaria pela construção de um pólo de desenvolvimento da natação - o projeto existe, mas nunca saiu do papel.
A sonhada Cidade na Natação - um centro de desenvolvimento de alentos - continua à espera de recursos. Coaracy tem o projeto arquitetônico para a instalação de quatro piscinas (seriam importadas da Itália), um hotel com 100 apartamentos individuais, restaurante, arquibancadas para 4 mil pessoas, salas de musculação e para o departamento médico. O centro teria a mesma concepção do Instituto Australiano de Esportes, em Canberra, na Austrália, onde o Brasil fez o seu período de aclimatação.
Toda a estrutura para a natação está concentrada em um único local, um modelo que deu certo como mostram as medalhas australianas. A isso, estaria aliada a ciência desenvolvida pela universidade, em áreas como a biomecânica, a fisiologia e a psicologia.
O tempo estimado para a conclusão do centro seria de um ano e o investimento necessário entre R$ 10 e R$ 12 milhões. A idéia seria construir a Cidade da Natação em Campinas, interior de São Paulo, ou no Rio. O presidente da CBDA está agora procurando uma solução para o projeto, juntamente com o empresário aposentado Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, que sempre teve envolvimento com esporte.
Braguinha, que mora em Portugal, está em Sydney, e prometeu a Coaracy que vai intermediar um contato com a construtora Oldebrecht visando ao patrocínio da Cidade da Natação. Coaracy também busca na Austrália o modelo de manutenção do centro, com escolinhas nas piscinas e abrindo o parque aquático ao público nos fins de semana e horários livres, com cobrança de ingressos.
Os australianos fizeram isso, antes dos Jogos, com o Centro Aquático de Sydney, que volta a ser aberto à população, após a Olimpíada, com ingressos a US$ 4.
O dirigente da natação afirma que o esporte só cresceu porque teve o patrocínio dos Correios, mas observa que, sozinha, a CBDA não pode ir além. Após a Olimpíada, pensa em criar seleções femininas e masculinas permanentes, que poderão reunir-se algumas vezes por ano, em sessões de treinamentos, como fazem países como a Itália e a Holanda, com programas de competições e estudos.
Mas sabe que isso está longe de ser o suficiente para que a natação brasileira vença o atraso de 12 anos, pelo menos, em relação a outros países.
"O governo e as empresas precisam entender que o esporte pode ser importante para o Brasil”. Coaracy acha que é preciso trabalhar em torno do Comitê Olímpico Brasileiro (ao qual todas as confederações estão ligadas) em ações mais globais de desenvolvimento do esporte. "Os brasileiros, pelos recursos que temos, fazem verdadeiros milagres”.
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