Sydney - A Rússia coroou este domingo nos Jogos Olímpicos de Sydney quatro novos campeões olímpicos, a maior produção do dia, e demonstrou que continua sendo uma potência esportiva... apesar dos terremotos políticos, sociais e econômicos que a assolaram estes anos. Este domingo foi outra maratona de medalhas em Sydney, com 25 campeões. E para uma jornada estafante, o único início possível era, precisamente, a edição feminina da maratona, que terminou com a vitória da japonesa Naoko Takahashi.
Poucas figuras de primeira linha estiveram hoje em competição, pelo menos em instâncias decisivas. E uma delas foi o anistiado cubano Javier Sotomayor. O grande atleta, depois de receber o indulto da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) treze meses depois que um exame antidóping deu positivo com cocaína, sonhava muito com esta Olimpíada. Mas o recordista mundial teve de se conformar com a medalha de prata, atrás do russo Serguey Kliugin. E com uma marca nada espetacular de 2,32 metros, conseguida debaixo de chuva.
O grande protagonista individual da jornada foi o halterofilista grego, de orígem georgiana, Akakios Kakiasvilis, que ganhou a medalha de ouro na categoria de até 94 quilos e sagrou-se campeão olímpico pela terceira vez consecutiva. A série teve início em 1992, em Barcelona. Foi exatamente na metrópole catalã, onde há oito anos a equipe esportiva da já moribunda União Soviética se despedia do mundo ao ganhar os Jogos, sob o nome de guerra de Comunidade de Estados Independentes (CEI), com 45 medalhas de ouro contra 37 dos Estados Unidos.
Hoje, os russos demonstraram que ainda têm muito que dizer nestas competições e começaram a jornada, já de tarde, ganhando dois títulos individuais femininos em ginástica artística (barras assiméticas, com Svetlana Jornina e salto de potro com Elena Zamolodtchikova). Continuaram com o salto em altura masculino graças a Serguey Kliugin. E para coroar o dia, a equipe masculina de sabre (esgrima) venceu na final dessa arma os franceses, conhecedores da modalidade como poucos.
Com esse triunfo, os russos somaram 12 medalhas de ouro e alcançaram os franceses no terceiro lugar do quadro de medalhas, mas em desvantagem somente por uma medalha de prata. No topo do quadro de medalhas, continuam os Estados Unidos, que tiveram um domingo mais que discreto e só conseguiram um novo título de campeão graças à atleta de saltos ornamentais Laura Wilkinson, elevando sua colheita a 21.
Imediatamente atrás vêm os chineses que, também com uma única medalha de ouro no balanço diário (no tênis de mesa), somaram 18. Pelo lado latino-americano, a jornada teve algumas alegrias: a prata de Sotomayor (embora tenha gosto de derrota) e a prata do argentino Carlos Espínola no iatismo, classe Mistral. E no atletismo, a grande figura foi a mexicana Ana Guevara, que passou para a final dos 400m depois de conseguir o segundo lugar em sua série semifinal com o tempo de 50.11 e a somente dez centésimos de segundo da australiana e favorita Cathy Freeman.