Sydney - A japonesa Naoko Takahashi roubou a festa no terceiro dia de competições no torneio de atletismo. Com um sorriso cativante, a atleta venceu a prova da maratona, a mais tradicional do esporte, com novo recorde olímpico: 2h23min14. Ela superou a marca da norte-americana Joan Benoit, de 2h24min52, que resistia desde a Olimpíada de Los Angeles, em 1984. Foi a quinta medalha de ouro do Japão, a primeira fora do judô.
Com 34 anos, 1,63 metro e 47 quilos, Naoko conquistou a simpatia do grande público que acompanhou a corrida pelos 42.195 metros do percurso. Confiante, ela não demonstrou sinais evidentes de cansaço depois da exigente prova, que, na largada, tinha temperatura agradável de 14 graus e uma umidade relativa do ar de 91%, considerada alta. A maratonista ainda teve energia para comemorar bastante a conquista na pista do Estádio Olímpico, com a bandeira de seu país nas mãos.
A romena Lidia Simon ficou com a medalha de prata, com o tempo de 2h23min22, seguida da queniana Joyce Chepchumba, terceira colocada, com 2h24min45 - as duas marcas também melhores que o recorde olímpico anterior. A etíope Fatuma Roba, campeã olímpica de Atlanta, terminou em nono lugar, com 2h27min38, enquanto a queniana Tegla Loroupe, recordista mundial da especialidade, ficou na 13ª colocação, com 2h29min55.
Tegla explicou que passou mal antes da prova. "Comi alguma coisa que me fez mal", explicou a corredora, que era considerada favorita ao lado de Naoko e Fatuma. "Não estava bem durante a corrida e só não desisti porque não gosto de abandonar nenhuma prova", prosseguiu. "Agora, estou feliz por ter terminado."
Naoko, líder do ranking mundial de 2000, com o tempo de 2h22min19, disse ter participado da Olimpíada muito confiante por causa de sua preparação. "Treinei três meses nos Estados Unidos, em cidades altas, para ganhar maior resistência", comentou a fundista, que chamou a atenção do público ao jogar fora os seus óculos escuros na parte decisiva da prova. "Minha intenção era dar os óculos para o meu treinador, que acompanhava a corrida numa moto, mas não consegui."
A maratona é uma prova particularmente importante para o Japão, que tem tradição na categoria. Tanto assim, que o país conseguiu inscrever três atletas, o número máximo, na prova. Eri Yamaguchi terminou em sétimo lugar, enquanto Ari Ichihashi ficou na 15ª colocação. O Brasil, que também tem tradição em provas de rua, não conseguiu classificar nenhuma representante para a competição feminina.
Na prova masculina, marcada para domingo, último dia do evento, o País será representado por Vanderlei Cordeiro de Lima, Osmiro Souza e Eder Fialho. Vanderlei e Eder desembarcaram hoje Sydney, procedentes do Brasil, e já vão treinar à tarde. Eles terão uma semana de adaptação à mudança de fuso horário.