Sydney - O Comitê Olímpico Internacional (COI) acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos de encobrir casos de doping de seus atletas por mais de uma década.
O chefe do setor médico do COI, Alexandre de Merode, disse em entrevista que cinco atletas norte-americanos competiram na Olimpíada de Seul em 1988 apesar de terem sido pegos em testes de doping realizados antes dos Jogos.
De Merode afirmou que o COI tomou conhecimento de que cinco atletas norte-americanos tiveram resultado positivo nos testes feitos nos EUA antes dos Jogos de Seul, mas que os resultados não foram repassados ao Comitê.
Após ser indagado se houve encobrimento, o médico respondeu afimativamente e completou: “não sei se algo do tipo aconteceu agora, mas não me surpreenderia. Não seria a primeira vez.”
Ele disse ainda que não poderia falar quais eram os atletas envolvidos em Seul e tampouco se eles ganharam medalhas.
Estas revelações aparecem depois que o vice-presidente do COI, Dick Pound, disse ter sido informado por fonte confiável que o campeão mundial norte-americano de arremesso de peso, C.J. Hunter, teve teste positivo para o esteróide anabolizante nandrolona, em dia 28 de julho, em Oslo.
Na última sexta-feira, Arne Ljungqvist, autoridade do setor de antidoping da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), disse que o comando do atletismo dos Estados Unidos não conseguiu explicar 15 suspeitas de uso de drogas entre atletas do país surgidas nos últimos dois anos.
Ljungqvist explicou que a USA Track and Field, órgão que dirige o atletismo nos Estados Unidos, não informou a Iaaf sobre os casos suspeitos devido às suas regras de confidencialidade.
“O problema é que quando investigamos os relatórios do laboratório de Indianápolis, encontramos casos positivos ou possivelmente positivos sobre os quais não fomos informados.”
“Achamos 15 casos sobre os quais não temos informações. Tem sido assim por anos. É uma eterna dor de cabeça.”
O norueguês Johann Olav Koss, membro da comissão atlética do COI e ex-campeão mundial de patinação, pediu para os norte-americanos serem mais abertos em relação aos testes de doping.
“Esses atletas não deveriam ser protegidos'', disse Koss.
“Os atletas têm o pressentimento de que a Iaaf e a USATF estão encobrindo e têm uma regra especial para atletas norte-americanos”.
“É um problemão. A USATF precisa ser mais aberta. Não é possível haver uma situação em que em um lugar você fique livre e em outro você receba uma eliminação para o resto da vida. Não é assim que o sistema deveria funcionar”, disse Koss.
A USATF não estava disponível para comentar o assunto na segunda-feira. O porta-voz do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, Mike Moran, disse não ter comentários sobre o assunto.
NOTÍCIAS