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Seleção de futebol viveu em ‘paraíso’ na Austrália
Terça-feira, 26 Setembro de 2000, 03h59

Brisbane - A seleção brasileira de futebol masculino viveu um mês na Austrália entre regalias e modestas atividades de trabalho, com treinos quase sempre em apenas um período do dia, e o tempo restante dividido entre o conforto dos quartos do Hotel Royal Pines Resort, em Gold Coast, e sua enorme área de lazer. Os horários para as cinco refeições diárias eram rigorosos e os jogadores dispunham, muitas vezes, de algumas horas de folga, que podiam ser aproveitadas para compras em Surfers Paradise ou Pacific Fair, locais de apelo turístico.

Muitos dos atletas gostavam de dirigir, pela extensa área gramada do hotel, entre coalas e pequenos lagos, os carrinhos utilizados por praticantes de golfe, como se estivessem num parque de diversões. Jogar tênis nas várias quadras do luxuoso hotel era outro hobby do grupo. Eles também disputavam informalmente partidas de tênis de mesa, além de ter liberdade para ocupar a completa sala de musculação do Royal Pines, o que alguns faziam com autorização da comissão técnica, desde que não houvesse treino programado.

Havia um ônibus especial para a delegação e outro, menor, que servia para abrigar o material de treinos e jogos, incluindo vasta quantidade de frutas tropicais, bebidas energéticas e água mineral. No corredor do andar em que estavam hospedados, os atletas também tinham ao seu dispor mesa com biscoitos. Os demais hóspedes não podiam ter acesso ao setor reservado à seleção - o impedimento dava-se pela ausência de um cartão magnético, cuja finalidade era a de liberar o ir e vir àquele pavimento. O cartão devia ser utilizado nos elevadores espelhados e com assento para 4 pessoas.

Os rapazes recebiam diária de cem dólares e podiam ser atendidos pelos dois massagistas da delegação. Um cozinheiro inspecionava toda a alimentação do grupo e 80 quilos de feijão preto foram adquiridos. Uma prova de que havia pompa em demasia na seleção foi dada nos treinos no Gold Coast Stadium; um adolescente croata, de 17 anos, admirador do futebol brasileiro, aceitou convite para ajudar a carregar bolas e devolvê-las, quando arremessadas para longe - apesar do excesso de gente na comitiva.

O gandula trabalhou mais de 15 dias com a promessa da comissão técnica de que ganharia ingressos para os jogos do Brasil, o que não ocorreu. Constrangido, preferiu pagar pelos bilhetes, nas mãos de cambistas.

No fim de tudo, um caminhão foi fretado para levar as bagagens de toda a delegação do hotel ao Aeroporto de Brisbane, ao contrário do que aconteceu na vinda, quando todas as malas couberam no ônibus.

Indiferente aos boatos sobre a possível demissão, Wanderley Luxemburgo relacionou os "estrangeiros" que vão defender a seleção principal contra a Venezuela, pelas eliminatórias, dia 8, em Maracaibo: Antônio Carlos, Cafu, Edmílson, Evanílson, Flávio Conceição, Júnior, Rivaldo, Silvinho, Vampeta e Zé Roberto. A apresentação dos atletas será no dia 3.

Agência Estado

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