Sydney - Os australianos adoram tênis, tanto que promovem anualmente um dos quatro torneios do Grand Slam da temporada, o Aberto da Austrália. Para eles, que todos os dias vêm lotando o Tennis Centre nas competições olímpicas, foi frustrante assistir à eliminação de Mark Philippoussis, Lleyton Hewitt e Patrick Rafter na chave de simples masculina.
Nesta terça-feira à noite, porém, os "Aussies" vão ter a grande chance de comemorar um título.
É que estarão em quadra, e pela última vez, dois dos esportistas mais populares do país, Mark Woodforde e Todd Woodbridge, dupla número um do mundo, atuais campeões olímpicos e conhecidos no circuito como os Woodies. O ruivo Woodforde, de 35 anos, já anunciou que se aposenta após a Olimpíada.
As emissoras de TV da Austrália não se cansam de mostrar imagens dos dois tenistas, que fazem a final na quadra central - com capacidade para 10 mil espectadores - contra os canadenses Sebastian Lareau e Daniel Nestor. Os canadenses eliminaram os brasileiros Gustavo Kuerten e Jaime Oncins na primeira rodada do torneio.
Uma derrota dos Woodies significaria, para os fãs australianos do tênis, o mesmo que a velocista Cathy Freeman perder a prova dos 400 metros no atletismo. O desastre, no entanto, quase aconteceu. Os Woodies tiveram de suar a camisa para bater na semifinal os espanhóis Alex Corretja e Albert Costa por 6/3 e 7/6. Antes dos espanhóis, eles derrotaram os indianos Mahesh Bhupathi e Leander Paes e os eslovacos Dominik Hrbaty e Karol Kucera.
Ao vencer o Aberto da França em 2000, a dupla que atua junta há 10 anos se tornou a única na história a vencer os quatro torneios do Grand Slam (Abertos da Austrália, França, Inglaterra e Estados Unidos), uma Olimpíada (Atlanta/1996) e a Copa Davis. "Os Woodies jogam o arroz com feijão, mas fazem tudo muito direito", afirma Gustavo Kuerten.
Para a tenista brasileira Joana Cortez, que disputou a Olimpíada de Sydney em parceria com Vanessa Menga, "a grande virtude da dupla é fechar todos os espaços" na quadra, o que deixa poucas opões táticas para os adversários.
Na despedida, os australianos falam em vitória. E esperam que a torcida ocupe os 10 mil lugares da quadra central. "Para nós, encerrar a dupla jogando na Austrália e conquistando a medalha de ouro seria algo fantástico", afirma Woodbridge, de 29 anos, que a partir de agora formará dupla com o sueco Jonas Bjorkman.
Woodbridge diz que a nova dupla vai precisar de tempo para se entrosar. Ele nega, mas dá sinais de que vai sentir falta do companheiro de uma década. Para quem pergunta qual o segredo da dupla mais vencedora da história do tênis, Woodbridge tem a resposta na ponta da língua. "Um conhece muito bem o estilo do outro e, principalmente, treinamos muito", afirma. "Para nós, o que fazemos nunca é o suficiente, por isso treinamos cada vez mais em busca da perfeição. E nunca desistimos de um ponto".