Sydney - Em junho, o engenheiro de produção Marco Polo Fernandes, de 25 anos, trocou o bairro paulistano do Tatuapé por uma temporada de seis meses em Sydney. Ele desembarcou na Austrália com o objetivo de aprender inglês e, obviamente, se divertir um pouco. Três meses depois, já pensa em se mudar para Gold Coast ou Perth. Motivo: "Em Sydney há brasileiros demais, não dá para aprender inglês", afirma.
O apartamento pelo qual paga 500 dólares australianos (cerca de 550 reais) de aluguel por semana é dividido com outros três brasileiros, que obviamente se comunicam com ele em português.
Fernandes tentou arrumar companheiros de outras nacionalidades, mas desistiu por causa das diferenças culturais. "Na rua e nos restaurantes acaba acontecendo a mesma coisa", afirma. "Em todo lugar que se vai se encontra brasileiros e a gente acaba conversando em português".
Fernandes, na verdade, está na Austrália também para se divertir, tanto que uma de suas principais reclamações é quanto à da vida noturna de Sydney. Esse talvez seja o principal, e não declarado, motivo de sua mudança para outra cidade. "Os pubs tocam sempre o mesmo tipo de música e são caros", diz. "Aqui paga-se quatro dólares por uma cerveja pequena".
Os brasileiros que moram em Sydney trabalham nas mais diversas funções, de serventes de pedreiro a professores. Uma das fontes de renda que muitos imagivam ser lucrativa nessa época de Olimpíada é a compra de ingressos para revenda no dia dos Jogos. Fernandes pagou 165 dólares australianos (cerca de 180 reais) por um bilhete da final do vôlei de praia e conseguiu vendê-lo por 300 dólares (330 reais).
A eliminação da seleção brasileira, no entanto, deixou muita gente com um "mico" na mão. "Estou tentando vender duas entradas para a final, mas o problema é que as seleções que chegaram à disputa do título não atraem muita gente", diz Fernandes. Ele tem dois tíquetes para a decisão do ouro, pelos quais pagou 330 reais. Mesmo com o que considera ser falta de apelo do jogo, quer vender os billhetes pelo dobro do preço.