Sydney - O torneio de atletismo da Olimpíada de Sydney está marcando a despedida de uma geração de atletas que brilhou intensamente no esporte nos últimos anos. O norte-americano Michael Johnson, de 33 anos, é o símbolo desse grupo. Recordista mundial dos 200 e dos 400 metros rasos, Johnson conquistou nesta segunda-feira o inédito título de bicampeão olímpico dos 400 metros. E ganhou com extrema facilidade - 4,5 metros de vantagem sobre o seu compatriota Alvin Harrison, segundo colocado. Mesmo imbatível na prova, ele anunciou que os Jogos de Sydney serão os últimos de sua carreira.
Assim como Johnson, outros atletas seguem o ciclo natural da vida e passam a pensar, mais seriamente, na vida pós competição. Entre eles, estão o recordista mundial do salto com vara, o ucraniano Sergei Bubka; o recordista do salto em altura, o cubano Javier Sotomayor; a bicampeã olímpica dos 100 metros rasos, a norte-americana Gail Devers; o recordista olímpico da mesma prova, o canadense Donovan Bailey; e a velocista jamaicana Merlene Ottey.
"Participei de competições de alto nível nos últimos 17 anos", comenta o simpático Javier Sotomayor, que competa 33 anos no dia 13 de outubro. "É muito tempo de exigência física nos treinos e nos torneios, sempre sob a pressão de estar entre os melhores", prossegue. "É muito tempo longe de casa, de sua família e de seus amigos." Quase sem competir este ano por causa de uma suspensão por uso de cocaína, Sotomayor, medalha de prata em Sydney, quer disputar mais uma temporada antes de abandonar definitivamente a carreira.
Michael Johnson, de 33 anos, também vai competir mais um pouco. Ele promete, porém, não viver de glórias. Ele estipulou um objetivo ambicioso para a próxima temporada: tentar correr os 400 metros em menos de 43 segundos. Johnson tem crédito. Afinal, domina a especialidade. De 1989 a 1997, por exemplo, venceu as 58 finais que disputou. Na década de 90, terminou oito anos na liderança do ranking mundial. No ano passado, em Sevilha, quebrou o recorde de 43s29 de Harry Reynolds, que resistia desde 1988. Ele deu a volta na pista em 43s18. Nos 200, o seu recorde é de 19s32 desde a Olimpíada de Atlanta, em 1996. "São marcas excelentes", diz Johnson. "Gostaria que elas sobrevivessem por muitas temporadas."
Quem também quer despedir-se com um grande resultado é Gail Devers, de 33 anos. Campeã olímpica dos 100 metros em Barcelona e em Atlanta, ela persegue agora com determinação o título dos 100 metros com barreiras, perdido em 1992, quando tropeçou no último obstáculo e cruzou a linha de chegada em quinto lugar, dando cambalhotas pela pista, numa das imagens mais fortes do esporte.
Já a despedida de Sergei Bubka, de 36 anos, é forçada. O dono de 36 recordes mundiais sofre com graves problemas num dos tendões de Aquiles, que não o deixam competir direito nas últimas três temporadas.