São Paulo - Um acidente automobilístico ocorrido em novembro de 1993, na cidade de Campinas, está voltando a transtornar a vida do atacante Luizão, do Corinthians. Na época, com 17 anos e sem carteira de habilitação, o então jogador do Guarani colidiu seu Escort com o Voyage do comerciante Walter Martins Nogueira da Cruz, que possuía uma lanchonete arrendada na região central do município.
Após a colisão, Cruz - que alega não ter sido socorrido por Luizão - teve de ser internado com urgência no hospital da Unicamp, onde ficou nove dias em coma, inclusive com traumatismo craniano. Segundo um dos advogados da vítima, Durval Davi Luiz, após sair do hospital, o comerciante não teria tido mais condições físicas e psicológicas para dirigir o estabelecimento, que teve de ser fechado. A partir daí, passou a viver em dificuldades financeiras.
Entre os meses de abril e maio de 1995, as dívidas de Walter da Cruz foram parcialmente quitadas, já que ele recebeu (num acordo extra-oficial feito com o advogado de Luizão, Sérgio Garcez) três mil reais, em duas parcelas iguais. Novamente em apuros, o ex-comerciante (atualmente desempregado), que completou nesta quarta-feira 50 anos, decidiu entrar na Justiça, pleiteando uma indenização por invalidez, cujo valor não foi divulgado por nenhum de seus dois advogados, Paskoal José Irano e Durval Davi Luiz. A ação irá correr em primeira instância no Fórum Central de Campinas, às 16h15 do próximo dia 6 de novembro, e Luizão está intimado a comparecer, acompanhado de um representante jurídico.
“O Luizão já foi citado, mas ainda não assinou a intimação. No entanto, estou aguardando um contato de seu advogado, o quanto antes, para ver se entramos em acordo. Caso isto aconteça e chegarmos a um denominador comum, iremos retirar a ação”, disse o advogado Durval Davi Luiz, que não quis divulgar a quantia pedida por seu cliente. “Só posso garantir que tivemos base legal para fundamentar esta ação, já que a polícia técnica classificou o atleta como culpado pelo acidente“, salientou.
Procurado pela Agência Estado, Luizão não quis comentar o caso e preferiu deixar as explicações a cargo de seu advogado, Sérgio Garcez. “Para mim, este assunto já havia sido encerrado em 1995 e me causa surpresa o fato deste cidadão atormentar novamente a vida de meu cliente. O Luizão é tido aqui em Campinas como um moço de bem e jamais faltou com as suas responsabilidades”, rebateu Garcez.
De acordo com o defensor do jogador do Corinthians, o mesmo não teria negado socorro à vítima após o acidente. “O Luizão nem teve condições para isto, pois também se machucou. Gostaria de frisar que a culpa do acidente não foi dele. O local onde o fato ocorreu é de confluência. Portanto, nem há sinal”, acrescentou. “Não quero qualquer tipo de acordo preliminar com estes advogados e irei comparecer normalmente nesta audiência para defender meu cliente”, concluiu.