Sydney - A equipe norte-americana de atletismo está sob suspeita na Olimpíada de Sydney. O anúncio do resultado positivo de doping do campeão mundial do arremesso do peso C.J. Hunter, marido da velocista Marion Jones, deflagrou uma crise no esporte, com denúncias de cumplicidade da federação da modalidade dos Estados Unidos e cobranças de explicações por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do departamento antidrogas da Casa Branca.
De acordo com dirigentes do COI, 15 atletas norte-americanos tiveram resultados positivos em exames antidoping nos últimos 18 meses e até agora não foram punidos. Dos 15 flagrados, 10 estariam competindo em Sydney. A informação saiu da Austrália e repercutiu em Washington. O general Barry McCaffrey, responsável pela questão do uso de drogas no esporte na Casa Branca, mandou um fax para o principal executivo da federação de atletismo dos Estados Unidos, Craig Masback, exigindo a divulgação de todos os nomes. Masbasck rejeitou nesta quarta-feira o pedido.
O dirigente divulgou um documento em que diz que a lei norte-americana e as regras do Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) exigem que os atletas sejam tratados como inocentes até que a culpa seja provada. Masback garante que a maioria dos casos pendentes envolve substâncias ingeridas por atletas com problemas médicos, especialmente asma.
Na nota, o executivo diz que a tendência da maioria dos processos em andamento é terminar apenas em advertência. Ele admite que há casos mais graves, que ainda serão julgados, mas que a solução depende de análises laboratoriais do COI, do USOC e da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). O texto assegura, porém, que nenhum atleta será suspenso ou execrado publicamente antes que sejam feitas as contraprovas necessárias.
O comportamento da federação norte-americana tem irritado os integrantes das comissões médicas da IAAF e do COI, que não aceitam a participação de atletas sob suspeita em competições oficiais. Para o médico brasileiro Eduardo De Rose, que faz parte das duas comissões, o tratamento não é igual nos outros países, que seguem a orientação da IAAF.
"O Sanderlei (o corredor brasileiro Sanderlei Parrela) ficou suspenso preventivamente enquanto recorreu da decisão", lembra o médico. "Só pôde voltar a competir depois da conclusão do processo", prossegue. "Esta diferença de tratamento não é justa."