Sydney - O desempenho da equipe brasileira de revezamento - medalha de prata nos Jogos de Sydney - foi, em grande parte, resultado de um puxão de orelhas que os atletas Vicente Lenílson, Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino levaram do técnico Jayme Netto Junior. O treinador contou neste sábado, após a prova, que reuniu o grupo logo depois da semifinal, no dia anterior, e deu uma espécie de ultimato.
"E falei coisas para eles que nunca tinha falado. Acho até que ofendi, mas valeu a pena. Eles ficaram de mal de mim e depois foram jantar, os quatro, sozinhos. Lá eles se acertaram", revelou o treinador.
Jayme chamou a atenção dos atletas para o desempenho na semifinal. Os brasileiros fizeram um tempo de 38s27. Chegaram em segundo, atrás da equipe cubana, mas cometeram erros nas passagens do bastão. Jayme achou que seus atletas se mostram displicentes. "Eles tinham errado nas duas provas anteriores (na primeira eliminatória a equipe fez o tempo de 38s32) e eu chutei mesmo o balde. Falei coisas que não posso repetir pra vocês (jornalistas), mas disse, principalmente, para que quebrassem o espelho da vaidade", revelou.
Os atletas entenderam o recado. "Eu confesso que naquela hora fiquei com medo dele. Mas foi bom porque mexeu com a gente", disse André Domingos. Terminada a prova e a medalha no peito, Edson Luciano queria esquecer a bronca. "É lógico que na hora a gente ficou até surpreso com a forma como ele falou, mas neste momento, a única coisa que quero é abraçar ele. Nada mais", disse.
Claudinei Quirino ainda não havia assimilado a bronca. "Estou chateado com ele. Eu ainda estou nervoso, mas ele é meu pai, meu amigo e meu vizinho. Vou dar a medalha pra ele", disse Claudinei.