Sydney - Apesar de a equipe brasileira do revezamento 4 x 100 metros rasos ter melhorado o recorde sul-americano em 15 centésimos de segundo, e ter conquistado a medalha de prata na Olimpíada de Sydney, o técnico Jayme Netto Júnior não ficou satisfeito. Ele disse, sobre o desempenho do time, que André Domingos chegou muito rápido na passagem do bastão para Claudinei Quirino, que não estava lançado o suficiente para manter a velocidade.
"São detalhes que ainda precisam ser acertados", comenta o treinador, que acredita na possibilidade de a equipe conquistar a medalha de ouro no Mundial de Edmonton, no ano que vem, no Canadá. "Temos quatro homens velozes, com potencial para melhorar muito ainda", prossegue. "Podemos sonhar com o ouro no Mundial."
Quanto à bronca que deu nos velocistas depois da semifinal, disse que foi obrigado a mexer com os brios dos atletas. "Eles erraram tudo e a situação não podia continuar assim", observa. "Tive de ser duro para acabar com as vaidades e pensar que o revezamento é uma prova de grupo e não individual."
Professor de Educação Física e de Fisioterapia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente, Jayme foi apontado por Claudinei Quirino, vice-campeão mundial dos 200 metros rasos, como o principal responsável pela conquista da equipe. "Ele merece todos os méritos pelo resultado", admite o atleta, que não esconde que ficou chateado com a bronca do treinador na véspera.
Para provar, porém, que não vai guardar mágoas, Claudinei prometeu dar a sua medalha para Netto Júnior. "Ele fez aniversário no mês passado e a medalha é dele." O treinador espera que a conquista da medalha ajude em sua campanha pela reforma da pista de Presidente Prudente. "Provamos que nosso trabalho é sério e vitorioso", lembra. "Não dá mais para fazer os meninos treinarem em uma pista tão perigosa, sem nenhuma condição."
A delegação da Jamaica, quarta colocada no revezamento, entrou com protesto contra os Estados Unidos, alegando que um dos atletas passou o bastão fora de posição. Os juízes da Federação Internacional de Atletismo viram o videoteipe da prova e recusaram o protesto. O Brasil, o principal interessado, foi informado do problema depois de vencido o prazo de recurso.