Teresópolis - O técnico interino da seleção, Candinho, admitiu, nesta sexta-feira, que o Brasil não mete mais tanto medo nos adversários, concordando com a opinião do ex-lateral-esquerdo Nilton Santos, campeão do mundo em 1958 e 1962.
"O Brasil despontou no futebol quando o Pelé apareceu, ganhou Copa do Mundo, mas, agora, todos evoluiram e estão no mesmo nível", comentou.
"A Venezuela, por exemplo, vai dar um calor na gente", disse, referindo-se ao jogo deste domingo, pelas eliminatórias, em Maracaibo.
O craque do Botafogo-RJ nas décadas de 50 e 60 afirmou que, atualmente, a equipe brasileira não assusta as outras seleções. No jogo contra o Paraguai, em Assunção, o Brasil foi pressionado e acabou perdendo a partida. Em Santiago, o mesmo aconteceu diante do Chile. O time nacional nunca havia perdido tantos jogos como neste ano.
"É preciso ver que, há alguns anos, jogávamos contra 11 paraguaios e fazíamos 6 ou 7 a 0, mas, hoje em dia, metade dos jogadores do Paraguai atua no exterior e são experientes", justificou Candinho.
Pela primeira vez nos últimos anos, a seleção entrará em campo com uma equipe teoricamente inexpressiva e com poucos craques. A reação da torcida foi proporcional à importância dos jogadores.
Nos dois primeiros dias em que a seleção ficou em Teresópolis, ninguém assistiu aos treinos. Apenas nesta sexta-feira, quando Romário participou do coletivo, alguns torcedores foram à Granja Comary, sobretudo vascaínos.
No desembarque da seleção no Rio, quarta-feira, no Aeroporto Santos Dumont, muitos atletas passaram sem ser notados.
Dos 11 jogadores titulares na partida deste domingo, somente dois disputaram Copa do Mundo: o lateral-direito Cafu e o atacante Romário.
O goleiro Rogério tem pouca experiência em seleção. No seu currículo, constam apenas dois títulos paulistas. O zagueiro Cléber teve boas passagens no Atlético-MG e no Palmeiras, mas nunca teve grande participação em seleção, situação semelhante à do lateral-esquerdo Silvinho.
"Não acredito que a pouca experiência de alguns jogadores vá prejudicar o Brasil, porque a maioria já fez jogos importantes por seus clubes", garantiu o capitão Cafu.
O volante Donizete, de 32 anos, não era convocado há nove anos. Nunca chegou a brilhar nas equipes pelas quais passou e sempre carregou a fama de marcador e pouco técnico.
No ataque, um novato fará dupla com Romário. Apesar dos 28 anos, Euller tem sua primeira chance com a camisa verde e amarela. Sem ter o rótulo de craque, ele ficou na reserva de Viola quando chegou ao clube. Nem o próprio atacante acreditava que seria chamado.
"Foi uma surpresa." Respeitando os atletas, Candinho não diz que a seleção é limitada, mas deixa claro que faltaram opções para montar um time mais forte.
"É preciso lembrar que perdemos o Rivaldo, o Flávio Conceição e o Júnior, contundidos, e, por isso, fui obrigado a chamar mais jogadores do Brasil", justificou.
"Por causa do curto tempo para treinar, preferi chamar atletas que já estivessem entrosados em seus clubes." Por todos esses problemas e pela “mudança do futebol”, o treinador avisa: "Que ninguém espere uma goleada contra a Venezuela, porque o jogo vai ser muito difícil", analisou ele, mesmo sabendo que o adversário venceu apenas uma partida nas eliminatórias e perdeu sete.