São Paulo - Depois de conquistar o título tão desejado pela Ferrari, domingo no Japão, Michael Schumacher já começou, e de forma surpreendente, a dar mais detalhes da sua história de cinco anos como piloto da equipe. "Quando fui conhecer a fábrica da Ferrari, no fim de 1995, descobri que ela parecia mais com a oficina de kart de alguns amigos que com a de uma escuderia de Fórmula 1." Já na primeira reunião com a direção do seu novo time, o alemão comentou: "Imediatamente os adverti de que um grande trabalho deveria ser feito para disputarmos o título."
Outros aspectos dessa conversa são contados por ele: "Os mecânicos eram e são fantásticos, mas a organização como um todo..." Segundo o piloto, até a Benetton, sua ex-equipe, considerada pequena na época, estava muito mais desenvolvida que a Ferrari. Ele reconheceu, contudo, que projetar e construir todos os seus componentes, como faz a Ferrari, é bem mais difícil.
O grande responsável pela recuperação tecnológica da Ferrari é o francês Jean Todt, diretor esportivo do time italiano desde o GP da França de 1993, de acordo com Schumacher. "Trata-se de um amigo e de uma das pessoas mais honestas e objetivas que conheço", disse. "Ele fez da Ferrari uma das escuderias mais modernas do mundo, sem ele jamais teria sido campeão do mundo", afirmou o alemão ao jornal sensacionalista alemão Bild.
O modelo F1-2000, usado para chegar ao título, transformou-se num caso de amor para Schumacher. "Estou apaixonado pelo carro, é um tesouro." Se a sua velocidade não fosse no mínimo equivalente ao modelo MP4/14 da McLaren ele não teria conquistado o campeonato, advertiu.
Enquanto Schumacher falava de sua paixão pela equipe, seu empresário, Willi Weber, tratava de ganhar mais dinheiro. A conquista do título significará mais alguns bons milhões de dólares na conta de ambos.
Weber fica com 20% do que ganha o piloto. Nos cerca de 350 produtos licenciados com a marca Schumacher haverá a inscrição "Campeão do Mundo de 2000". Dois novos negócios já foram fechados, com um fabricante de aspirador de pó e um de patins, e vários outros estão em curso. O faturamento só nessa área deverá crescer de US$ 7,5 milhões para US$ 20 milhões por ano. Com a definição de todos os seus negócios, a expectativa é de que Schumacher passe a ganhar, no total, algo em torno de US$ 73 milhões por temporada.
Sobre o futuro de Schumacher, Weber foi claro: "Por que razão ele trocaria de equipe?", questionou. O contrato com a Ferrari vai até o fim de 2002. "Michael se sente muito bem na Ferrari, onde dispõe de todos os recursos para continuar colecionando vitórias."