São Paulo - Com quase dois terços da fase de classificação concluídos, a Copa João Havelange vem sendo marcada pela dificuldade em despertar interesse, tanto de torcedores como dos próprios clubes que dela participam. O melhor exemplo é o Palmeiras, que depois de vencer a Copa dos Campeões, em julho, e garantir sua vaga na Copa Libertadores da América de 2001, simplesmente desmontou o elenco e não fez questão de disfarçar seu descaso com o campeonato brasileiro.

Outro indício do desinteresse é a tabela de classificação. Se a primeira fase terminasse hoje, equipes como Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Guarani, Flamengo, Internacional, Atlético-MG, Botafogo e Coritiba, todos campeões brasileiros, estariam fora do grupo de 12 times que passam para a fase seguinte. Em seus lugares, classificariam-se clubes sem tanta tradição, casos de Atlético-PR, Sport, Goiás, Ponte Preta e Portuguesa.

Nos estádios, além da baixa qualidade técnica dos jogos, constata-se a ausência do público. Cansados das notícias sobre escândalos envolvendo viradas de mesa, calendário bagunçado, falta de dinheiro, excesso de jogos e intimidados pela violência, os torcedores afastam-se e indicam que desejam mudanças. Certas peculiariades chegam a assustar, como a desorganização, que fez o Gama ter jogado 19 vezes, enquanto Vasco e Internacional somente 14.

Nem mesmo a média de gols registrada até aqui, 2,7 por partida, razoável para o nível técnico demonstrado pelos times, tem conseguido reverter o quadro. Foram marcados 553 gols em 202 jogos. O Cruzeiro, primeiro colocado na classificação geral com 31 pontos, tem o melhor saldo, 12. Já o Santa Cruz, 24.º, marcou 13 e sofreu 28 gols, totalizando um saldo negativo de 15.

O artilheiro do campeonato é o atacante Dill, do Goiás, que já marcou 14 gols. Romário, do Vasco, está em seu encalço, com 13, e Allann Delon, do Vitória, tem 11. Já os atacantes paulistas são a grande decepção. Quem mais chegou às redes foi o santista Edmundo, que fez 10, seguido pelo ponte-pretano Washington, com 7. Os artilheiros do Corinthians - Éwerthon e Fernando Baiano - e do Palmeiras - Arce - fizeram apenas 3 gols cada. A situação do Alviverde é ainda mais complicada, já que, ao lado do Guarani, tem o pior ataque, com apenas 12 gols, dois a menos do que Dill marcou até agora.

O São Paulo está com o melhor porcentual de aproveitamento entre as 25 equipes que disputam o módulo azul (1.ª Divisão). O time de Levir Culpi conquistou 62,5% dos pontos disputados. O Vasco vem logo atrás, com 61,9%. Entre os paulistas, a Ponte Preta está em segundo lugar, com 52,1%, seguida por Santos (47,9%), Portuguesa (47,1%), Palmeiras (43,8%), Guarani e Corinthians (33,3%). O lanterna do aproveitamento é o Coritiba (20,8%).

Agência Estado