São Paulo - A péssima campanha do Corinthians na Copa João Havelange fez com que a cúpula do fundo americano de investimentos Hicks Muse Tate & Furst (HMTF), parceiro do clube, entrasse em estado de alerta, admitindo a possibilidade de rever todo o planejamento da equipe para 2001.
Os planos dos executivos do Fundo para o clube estavam todos baseados na participação do Corinthians na Libertadores da América e, uma eliminação prematura na João Havelange, na qual os dois primeiros colocados asseguram vaga para a principal competição sul-americana, acarretaria prejuízos ainda maiores para o Fundo que, segundo o diretor José Roberto Guimarães, acumula déficit de US$ 1 milhão por mês no futebol brasileiro, o que daria um prejuízo anual em torno de R$ 19 milhões.
"Estes resultados estão nos deixando de cabelos brancos", desabafou Guimarães. Atormentado com a atual fase do alvinegro, que já está eliminado da Copa Mercosul, o dirigente voltou a descartar, por um prazo indefinido, novos investimentos no Corinthians.
Segundo ele, a única maneira que o Fundo está encontrando para reparar as perdas é por meio da venda do passe de jogadores, como aconteceu nos casos do volante Vampeta e do atacante Edílson.
Após a demissão do técnico Oswaldo Alvarez e da contratação de Candinho, Guimarães ressaltou que o momento exige uma resposta dos jogadores dentro de campo, principalmente no que se refere a uma maior obediência tática.
"Falta essa consciência no futebol brasileiro", destacou. Mesmo não considerando que haja falta de empenho na equipe, que ocupa uma das últimas colocações com 15 pontos em 16 jogos, Guimarães afirmou que, para o time sair dessa situação, os jogadores deveriam se esforçar ainda mais.
A insatisfação do dirigente era tanta, que ele nem mesmo comemorava a boa colocação do Cruzeiro, outro parceiro do Fundo, na João Havelange.
"Seria bom se os dois clubes estivessem bem", observou.
"Infelizmente o Cruzeiro está numa ótima colocação e o Corinthians não", completou. Ele garantiu que não irá privilegiar a equipe mineira no próximo ano. Para Guimarães, no entanto, o investimento que será feito a partir de agora no alvinegro deverá ser discutido após uma eventual desclassificação da equipe.
"Ainda acredito que o Corinthians reverta a situação na tabela", observou.
Guimarães afirmou ainda que, com tantos prejuízos, os dirigentes do HMTF não estão arrependidos em terem investido no futebol brasileiro. Segundo ele, a desorganização e a pressão por resultados imediatos já eram conhecidos.
"Nem por isso vamos desistir de lutar contra essa estrutura", desabafou. Na avaliação da comissão técnica, a equipe, que jogará nesta quarta-feira contra o Olímpia pela Mercosul, precisa chegar aos 35 pontos para obter a classificação entre os 12 primeiros colocados da Copa João Havelange.
Como restam apenas oito partidas, o Corinthians tem a obrigação de vencer pelo menos seis e empatar as outras duas.