Brasília - O relator da CPI da Nike, Silvio Torres (PSDB-SP), não condena os deputados que, mesmo tendo recebido dinheiro da CBF para a campanha eleitoral, pediram para integrar a Comissão. Mas diz que se fosse ele, "não se sentiria à vontade".
Agência Estado - Pelo menos dois deputados - Eurico Miranda (PPB-RJ) e Darcísio Perondi (PMDB-RS) - foram financiados pela CBF. A presença deles na CPI não compromete os resultados?
Silvio Torres - O regimento não impede doações de empresas. O que poderia impedir seria a consciência de cada um. Se fosse eu, não faria parte da CPI, não me sentiria à vontade. Não creio que vá comprometer os trabalhos, porque a Comissão está suficientemente esclarecida sobre as pressões internas e externas que sofrerá. E com o aumento para 25 membros, vai diminuir a participação relativa dos ligados a clubes na Comissão.
AE - Mas, na sessão de hoje, o deputado Eurico Miranda dominou os debates.
Torres - No começo pode fazer diferença, mas quando os trabalhos avançarem, os deputados se sentirão mais seguros, com mais desenvoltura. Eurico é do ramo, por isso a facilidade.
AE - Até onde pode ir a CPI? Vai além do contrato da Nike com a CBF?
Torres - Já foi além do fato determinado, nesta primeira reunião. Foram abertos outros campos. Pretendemos chegar ao final com uma contribuição real ao desporto brasileiro. Será o meu objetivo e da maioria das pessoas bem intencionadas.
AE - Quem o senhor quer convocar em primeiro lugar?
Torres - Os jornalistas esportivos, como o Juca Kfouri.