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Família de torcedor morto vê decisão da Justiça com cautela
Sexta-feira, 20 Outubro de 2000, 01h55

Belo Horizonte - A família de Claudemir da Silva Reis - morto aos 17 anos em conseqüência de ferimentos causados por uma bomba caseira quando assistia à partida Cruzeiro x Vasco, no Mineirão, em 8 de outubro de 1997 - recebeu com cautela e moderação a notícia da condenação pela Justiça ao Estado e também à torcida organizada Máfia Azul. Eles foram condenados a indenizar à mãe do rapaz, dona Sebastiana Silva Reis, em mil salários mínimos.

“O valor de qualquer indenização não vale a vida do meu irmão. A indenização por uma vida não é um centavo do que os familiares merecem. Preferia muito mais que meu irmão estivesse aqui comigo agora", desabafou o vigilante Waldecir Aparecido dos Reis, 31 anos, ainda inconformado com a morte violenta do irmão. A sentença do juiz da 5ª Vara de Fazenda Estadual, José Afrânio Vilela, cabe recurso.

Para Waldecir, no entanto, a condenação, principalmente da Máfia Azul, poderá servir de exemplo para a coibição da violência nos estádios. “A responsabilização dos culpados pela morte do meu irmão é muito importante para que não ocorram mais fatos lamentáveis", disse. O vigilante conta que até hoje, a mãe dele, dona Sebastiana Silva Reis, não gosta de falar sobre o assunto. “Minha mãe não quer falar sobre o assunto, que mexe muito com ela", lamentou.

O vigilante afirma também que sua mãe não quer comentar a decisão da Justiça com a imprensa - e muito menos ser fotografada. “Vamos ouvir nossos advogados para tomarmos uma posição", garantiu.

O juiz da 5ª Vara de Fazenda Estadual, José Afrânio Vilela, condenou o Estado e a torcida Máfia Azul a indenização por danos morais de mil salários mínimos a Sebastiana Silva Reis, cada parte arcando com 50%. De acordo ainda com a sentença, Estado e Máfia Azul também deverão indenizar Sebastiana Reis na proporção de 2/3 do salário mínimo até a data em que o mesmo completaria 25 anos, e a partir desta, em 1/3 do salário mínimo, até 65 anos.

Claudemir da Silva Reis foi atingido por uma bomba caseira durante o jogo entre Cruzeiro e Vasco, dia 8 de outubro de 1997, válido pelo Campeonato Brasileiro. Atleticano, ele estava na torcida do Vasco, quando foi atingido por um artefato, lançado da torcida do Cruzeiro. O menor não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada do dia 9 no Pronto-Socorro.

Recurso - O presidente da Máfia Azul, Jean Mark, conhecido por Francês, garante que vai recorrer da decisão, com o caso sendo analisado pelo departamento jurídico da torcida organizada. “Não temos condições financeiras para pagar essa indenização", disse. Ele não acredita que esta condenação, em primeira instância, possa ser o pontapé para a extinção das organizadas no Estado. “Foi um caso isolado".

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