São Paulo -
Estados Unidos, maior potência do atletismo mundial. A afirmação é correta, mas já tem gente achando que o país vai perder o domínio que tem na modalidade nos próximos anos. Prova disso é o Mundial Juvenil, que termina hoje, em Santiago, no Chile. Até ontem de manhã, o país não tinha conquistado nenhuma medalha na competição.
"O resultado de Santiago é preocupante. Não há como duvidar disso", diz Scott Davis, um dos técnicos norte-americanos no Chile. "Mesmo se você olhar os resultados de Sydney, dá para perceber que tirando as estrelas estabelecidas como Maurice Greene, Marion Jones e Michael Johnson há um número muito pequeno de jovens norte-americanos despontando", reclama.
Até sábado, países como Uganda, Croácia, Turquia, Índia e Colômbia já tinham medalhas. O melhor resultado norte-americano tinha sido o quarto lugar de Laura Gerraghty no arremesso do peso. Até mesmo nas provas de velocidade, tradicionalmente dominadas pelos Estados Unidos, o fracasso é grande. Nos 100 e nos 200 m masculino e feminino, nenhum norte-americano nem chegou na final.
Parte do fracasso em Santiago tem culpa na desorganização da viagem da delegação para o Chile. Monzavous "Rae" Edwards, por exemplo, que correu os 200 m, só chegou na cidade da competição cinco horas antes da primeira eliminatória.
Até a falta de competições durante a temporada atrapalhou. O mesmo Edwards se queixa que não participou de nenhuma competição desde junho, final da temporada norte-americana. "Comecei minha temporada em março e desde junho estou parado. É um tempo muito grande."
Para piorar a situação, alguns colégios norte-americanos não permitiram que seus estudantes viajassem para o Chile. Eles não estão tendo chance de competir fora do país no início da carreira. Quase toda a delegação norte-americana que está no Chile faz sua primeira competição internacional.
Na falta de atletas no país, as universidades mandaram vários técnicos para o Mundial do Chile. A delegação norte-americana tem 41 atletas e 50 técnicos, que estão buscando novos talentos em outros países. Já convenceram alguns a estudar nos Estados Unidos, como a sueca Susanna Kallur, vencedora dos 100 m sobre barreiras, que vai estudar em Illinois no ano que vem.