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Ouro em Sydney ganha R$ 900,00 por mês
Quinta-feira, 09 Novembro de 2000, 02h26

Recife - É verdade que o tão sonhado patrocinador ainda não chegou, mas, aos poucos, a pernambucana Roseane Santos, 29 anos, vai colhendo os frutos pelas duas medalhas de ouro conquistadas nos Jogos Paraolímpicos de Sydney. A agenda está lotada. Se antes Rosinha tinha apenas os treinamentos, agora tem que se dividir com os compromissos. Na quarta, ela estreou uma prótese social numa festa em sua homenagem na Sudene.

"Vou dançar uma valsa com Chico (seu técnico)", vibrou Rosinha, que ainda participou de um jantar e de uma missa na igreja da Várzea.

Só que a agenda não pára por aí. No domingo, juntamente com os outros medalhistas de ouro dos Jogos - Ádria Rocha, Antônio Tenório e Fabiana Sugimori - Rosinha vai participar do programa Domingão do Faustão, da Rede Globo. Na segunda-feira tem um encontro marcado com o locutor da emissora, Galvão Bueno.

"É, as coisas estão melhorando. Já tenho duas próteses, uma social e outra para competir. Ainda falta a casa para a minha mãe, mas sei que vou ter condições de um dia realizar este sonho", diz Rosinha, que atualmente recebe apoio do Bingo Arpoador, do Rio, e da Afonte Tratores que juntos somam apenas R$ 900,00.

Mas se Rosinha não conseguir nenhum patrocinador no Estado, a Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef), do Rio, tem interesse em contratá-la e buscar recursos para a pernambucana dar continuidade aos treinamentos.

"Já deixamos bem claro que estamos de portas abertas para recebê-la. Não formalizamos nada. Por enquanto está tudo na conversa. Mas é importante ressaltar que apesar dos interesses da Andef em tê-la como atleta, preferimos que ela fique no Recife, pois o mais importante é que o movimento de pessoas portadoras de deficiência seja forte em todo o País", revela o coordenador de esportes da entidade, Anderson Lopes, que também é atleta e conquistou a medalha de bronze em Sydney no lançamento de disco.

Para o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, João Batista Carvalho, o que está acontecendo comRosinha e com os outros atletas que foram aos Jogos é a prova de que a sociedade e os empresários estão tendo uma nova visão sobre o desporto paraolímpico.

"A receptividade está sendo muito boa. Ainda estamos na fase da novidade, mas em breve acredito que isso seja revertido em apoio. O próprio Banco do Brasil, que patrocinou a delegação nos Jogos, está tentando viabilizar um novo contrato. O processo com o Banco é lento, pois eles têm muitos critérios e os contratos só são assinados após a aprovação do colegiado da instituição, mas estamos esperançosos", falou João Batista.

Diário de Pernambuco


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