São Paulo – As causas da contratura de Romário podem ser o peso da idade. Quem admite é o próprio técnico Leão. "É um alerta para todos nós. Não podemos ser radicais porque um atleta de 34 anos sofreu uma contusão. Mas um atleta 'velho' tem de ser cada vez mais inteligente", comentou Leão, depois do corte de Romário.
E "inteligência" é que não faltou a Romário. Há quase um ano, ele abandonou o futevôlei. Amigos, em especial Renato Gaúcho, recomendaram ao artilheiro a não praticar este esporte na praia. Segundo especialistas, os praticantes de futevôlei costumam esgarçar suas panturilhas. Desde que deixou essa brincadeira à beira mar, Romário percebeu que as contusões haviam diminuído.
Não esperava é ser surpreendido por uma nova contratura na mesma coxa no espaço de apenas duas semanas. "É uma pena que esta contusão tenha acontecido no momento que não poderia acontecer", lamentou Romário, artilheiro das Eliminatórias com sete gols em apenas dois jogos.
Romário embarcou hoje, por volta das 13h, de volta para o Rio. "Vou me tratar no clube para voltar o mais rápido possível".
A seleção acabou para você? "No momento só quero pensar no Vasco. Seleção só no ano que vem".
Émerson Leão disse ao atacante que não se preocupasse. "Depois da Colômbia, a próxima convocação está muito longe ainda. Ele terá tempo de sobra para se recuperar". No dia 29 de janeiro de 2001, Romário completará 35 anos. Os músculos podem exigir menos esforço ainda.
Romário não está fora dos planos de Leão para as Eliminatórias da Copa de 2002, apesar de ter sido cortado nesta segunda-feira da seleção brasileira. O técnico conversou com o atacante, logo depois de comunicar o seu afastamento, e garantiu que em 2001 contará com os seus gols. Edmundo foi convocado para ocupar a vaga de Romário na partida de quarta-feira com a Colômbia, 16h, no Morumbi.
O gesto de boa vontade de Leão, animando o artilheiro a se cuidar para voltar no próximo ano, não garante o futuro do jogador na Seleção.
Aos 34 anos, Romário começa sentir os efeitos da decadência física de um atleta. Com 15 minutos de treino, ainda no aquecimento dos jogadores, o músculo da sua coxa esquerda apresentou a conta.
"O quadro é de contratura muscular. Ele sentiu dores na coxa quando fez um movimento rotacional", disse o médico da Seleção, José Luís Runco. "Não teria tempo de se recuperar e por isso foi liberado do jogo com a Colômbia".
Romário não contestou a decisão de Runco. "Para defender a Seleção o jogador tem de estar 100% e eu não estou. Me afastar do jogo foi a melhor decisão", disse, depois de colocar as chuteiras na bolsa.
A contusão que sofreu foi a segunda em duas semanas. No dia 31 de outubro, no aquecimento para o jogo com o Rosário Central, pela Copa Mercosul, sentiu fortes dores na mesma coxa esquerda. Ele nem entrou no campo. Ficou duas partidas sem jogar pelo Vasco - contra Coritiba e Internacional - e retornou contra o mesmo Rosário, quarta-feira, em Buenos Aires.
Depois, jogou 90 minutos contra o Palmeiras, sexta-feira, e domingo suportou apenas 22 minutos da partida com o Botafogo. Caiu e levou as mãos na cabeça. "Senti uma tonteira", disse. O diagnóstico:
"Romário sofreu um distúrbio neuro-vegetativo, talvez fruto do estresse de jogos", comentou Clóvis Munhoz, médico do Vasco.
Romário foi liberado e se apresentou à seleção, domingo à noite em São Paulo. Hoje, no primeiro treino, a coxa doeu de novo.
"Não foi no mesmo local da contusão anterior", assegurou Runco. "Nem teve nada que ver com as tonturas que sentiu no Maracanã".
O médico da seleção brasileira descartou a hipótese de o preparador físico, Bebeto de Oliveira, ter forçado o aquecimento físico de Romário hoje no Pacaembu. Para quem não sabe, o jogador recebe um tratamento diferenciado no Vasco. Onde o time vai, ele leva seu amigo "Zé Colméia", que começou assim, como amigo, e hoje é seu fisioterapeuta particular.
Cabe a Zé Colméia dar o lustre final nos músculos de Romário. Hoje, Zé Colméia não estava no Pacaembu. "Ninguém tem culpa pelo o que me aconteceu. Não fiz nada diferente do que vinha fazendo no Vasco", disse Romário isentando o preparador Bebeto da responsabilidade da contusão.