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CPI mostra sonegação e desvio de dinheiro no futebol
Terça-feira, 14 Novembro de 2000, 18h35

Brasília - Com apenas quatro depoimentos e tendo recebido menos de 10% da documentação bancária e fiscal que solicitou, a CPI do Futebol no Senado já dispõe de dados mostrando que a sonegação e o desvio de dinheiro movimento pelo esporte no País superam todas as expectativas. De acordo com o presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), "o rombo está muito acima do previsto", a ponto de levá-lo a constatar que "o futebol como atividade econômica, está na informalidade".

"Não estamos tendo competência para auferir resultados sociais do futebol que movimenta milhões", alertou.

Para Dias, o quadro é comprovado pela avaliação da Fundação Getúlio Vargas, de que os recursos movimentados no Brasil por negócios relacionados a esportes correspondem apenas a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em países europeus e nos Estados Unidos, segundo o senador, o setor é responsável por 4% dos recursos internos.

O presidente da CPI responsabilizou o Congresso pela situação, "porque são as deficiências da lei que permitem a anarquia que vemos hoje". Ele defendeu a criação de uma legislação para o setor que assegure os repasse previstos e que penalize os dirigentes que descumprirem a lei. "Seria uma lei de responsabilidade administrativa para o desporte nacional", comparou, referindo-se à Lei de Responsabilidade Fiscal que obriga os administradores públicos a manter as contas em dia.

Dias disse que ficou surpreso com as denúncias recebidas pela CPI sobre o acerto no resultado de jogos. Ele acredita que a questão poderá ser investigada, sem ter de incluir um ponto a mais nos motivos que justificaram a criação da CPI. Seria de forma indireta, na apuração de extratos bancários de pessoas e empresas que tiveram o sigilo quebrado. "Se aparecer cheque emitido por dirigentes de clubes para juízes teremos boa parte do caminho andado", alegou. A argumentação do senador encontra respaldo na CPI do Judiciário, que terminou levando à cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). O parlamentar não foi investigado, mas não soube explicar porque recebeu US$ 35 milhões das empresas responsabilizadas pela fraude que estava sendo apurada pela comissão.

Dias decidiu estender o prazo dos trabalhos da CPI até 15 de dezembro do ano que vem, embora acredite que as investigações estarão concluídas bem antes disso. A precaução é regimental, para evitar a suspensão das atividades na sessão legislativa do ano que vem. Serve ainda para mostrar que não haverá pressa nas apurações e que "tudo será feito com a cautela necessária", justificou o senador.

Agência Estado


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