Porto Alegre - Talvez a firmeza do meio-campo do Internacional tenha razões genéticas. Aliás, isso é bem possível.
Explica-se. No time que enfrentará o Atlético-PR nesta quarta-feira à noite, na primeira partida das oitavas-de-final da Copa João Havelange, estarão correndo atrás de adversários como se fosse leões famintos os volantes e primos Leandro Guerreiro, 22 anos, e Fábio Rochemback, 18 anos.
Você deve estar se perguntando: "Mas como?". Um é Guerreiro e o outro, Rochemback.
O primeiro é moreno, fronteiriço típico e magro, parece estar se esforçando para virar faquir. Já Rochemback é quase loiro, olhos verdes e lembra um trator quando parte para cima dos adversários.
Apesar das diferenças, são primos mesmo. Descobriram no Beira-Rio, há dois meses. Estavam em baixa no Inter. Dividiam o quarto no hotel em Rio Grande, antes de um amistoso do Rolinho. Mal se conheciam. Para quebrar o gelo, Rochemback, recém-promovido dos juniores, entabulou uma conversa em torno do sobrenome Guerreiro, comum aos dois. Depois, descobriram que as famílias eram da região de Soledade. Para confirmar o parentesco foi um pulo.
Guerreiro se atrapalha e não consegue explicar o grau de parentesco. Recorre a Rochemback. Pela reação do primo, faz isso sempre.
"Como é mesmo, Fábio?", pergunta. "Meu pai é primo do teu, Leandro."
"E os avós? Meu avô é o que do teu?"
"Não, Leandro, minha avó é irmã da tua", explica Fábio, de novo, pacientemente.
No domingo, os pais dos volantes, ambos ex-jogadores do interior, se reencontraram. Havia muitos anos que não se falavam. Jamais imaginaram que seria no vestiário do Beira-Rio, festejando a boa fase dos filhos.