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Lazaroni quer imitar Telê mas cobra ‘matador’ do Bota
Quarta-feira, 29 Novembro de 2000, 01h10

Rio - O lazaronês ainda não está tão afiado. O novo técnico do Botafogo quer chegar de mansinho: não vai participar da lista de dispensas por julgar a atual comissão técnica bem informada e não faz promessas. Mas acredita que pode surpreender os favoritos e milionários Vasco e Flamengo com empenho e dedicação.

Há seis anos afastado do Rio, desde que dirigiu o Vasco no Brasileiro de 94, Lazaroni quer agarrar a chance para reverter um estigma de retranqueiro, conquistado na Era Dunga e que o persegue desde a derrota na Copa de 90. Lazaroni sabe que ganhar um título no Botafogo em grave crise financeira é reconquistar o papel de mocinho na história.

Depois de seis anos afastado, você retorna para o futebol carioca à frente do Botafogo, um clube que está em defasagem financeira em relação a Flamengo, Vasco e Fluminense, mas que terá as mesmas cobranças dos outros clubes. É um desafio provocador?

LAZARONI: É um grande desafio e volto com muito orgulho e satisfação. Mesmo sabendo de todos os problemas que o clube vive, tomei a decisão de aceitar pela tradição do Botafogo no futebol brasileiro. Os outros clubes são alunos que estão na nossa frente, estamos atrasados. Temos que ter inteligência e determinação para nos recuperarmos e sairmos dos nossos problemas. E é claro que existe o outro lado. Se nós superarmos essas adversidades, será ótimo. Não só para mim, como para os jogadores que vão aparecer mais.

O que deve ser feito para um Botafogo sem dinheiro concorrer com um Flamengo de Petkovic, Edílson e Denílson ou um Vasco de Romário, Juninho Paulista e Pedrinho? Qual é a mágica?

L:Temos de ter astúcia e inteligência para encontrar as soluções e parcerias para nossos problemas. Primeiro, o clube tem de resolver seus compromissos pendentes com funcionários e atletas. Quero que eles solucionem o passado para trabalharmos o presente. Mas, acima de tudo, teremos de trabalhar com jogo de cintura para contratar jogadores com capacidades técnicas que nos dêem um retorno bom. Eu já vi situações semelhantes em que foram encontradas soluções. O Palmeiras diminuiu o investimento e depois se recuperou.

Você já viu os jogos do Botafogo recentemente? Qual é a opinião que você tem sobre o atual elenco?

L: Vi os dois jogos finais e algumas partidas dos juniores da Copa Otávio Pinto Guimarães. Já tenho alguma coisa definida, mas vamos esperar a definição da diretoria para saber o que pode ser aproveitado ou não.

Quais são as carências do time?

L: O Botafogo pecou na finalização; os centroavantes não fizeram gols nos momentos decisivos; então, um centroavante mais efetivo é uma carência que nós temos.

Você é a favor da permanência de Túlio e Donizete, a dupla de 95, no elenco?

L: Sem comentários.

Um matador é só o que falta ao time? Não têm outras carências? L: Já conversamos sobre as outras posições e até sobre nomes. Mas eu não quero falar sobre nomes agora. Está cedo demais.

Você disse que já assistiu a jogos da Copa Otávio Pinto Guimarães. O aproveitamento de juniores será primordial no seu trabalho?

L: Claro. Vou conversar com o Dé, técnico dos juniores. Quero saber quem está pronto para integrar o elenco, com quem a gente não precisa gastar tempo ou quem a gente tem que emprestar para ganhar mais experiência. Quero conversar com todo mundo que possa nos ajudar. É importante ouvir estas opiniões.

Você trouxe o esquema 3-5-2 para a Seleção de 90. Depois de tanto tempo afastado, pretende chegar com alguma novidade tática? É difícil convencer o jogador a se adaptar ao esquema?

L: Depende das peças que eu vou ter a minha disposição. Não existe nenhuma fórmula mágica. Quanto às conversas sobre esquema, nenhum jogador inteligente cria problema. Jogador burro é que difícil de trabalhar.

A perda da Copa do Mundo de 90 deixou você muito estigmatizado no país? Você ainda carrega a pecha de retranqueiro por causa da chamada Era Dunga?

L: Ganhando ou perdendo uma Copa do Mundo, o técnico fica estigmatizado. Não tem jeito. Se ganha, se glorifica. Se perde, fica marcado na carreira como derrotado. Não vou esquecer 90 e nem faço nada para que as pessoas se esqueçam disso. Mas também quero que essas mesmas pessoas se lembrem do tri estadual em 86 (Flamengo), 87 e 88 (Vasco) e a Copa América de 89. O Telê Santana só conseguiu se desassociar de 82 e 86 quando ganhou dois títulos mundiais pelo São Paulo. Como ele, sei que ainda vou reverter isso algum dia, tenho certeza disso. E tomara que seja no próprio Botafogo, quem sabe?

L! Sportpress


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