São Paulo - Maior nome do tênis brasileiro antes do surgimento de Gustavo Kuerten, o ex-tenista Thomaz Koch fez uma confissão após a vitória de Guga no Masters de Lisboa. "Gostaria de ter estado lá", disse o atleta que na década de 70 teve memoráveis participações na Copa Davis. Até o surgimento de Guga, Koch havia sido o brasileiro com melhor posição no ranking mundial, 24.ª. "Fiquei super emocionado ao ver os flashes das principais conquistas de sua carreira."
Para Koch, a vitória de Guga no Masters passou a ser desenhada a partir do Torneio de Paris. "Foi lá que ele passou a adotar uma postura mais ofensiva, dando menos espaço para os adversários, a defender os pontos na rede e apresentar uma devolução de saque mais agressiva", analisou. "Em suma: ele conseguiu adaptar seu estilo de jogo ao tipo de quadra."
No Masters, segundo Koch, Guga mostrou uma série de pequenas vitórias antes da partida decisiva. "Ele superou o começo vacilante na competição, depois chegou às semifinais em partidas duras contra Magnus Norman e Yevgeny Kafelnikov e se mostrou perfeito contra Pete Sampras." No jogo final, contra Andre Agassi, Guga venceu o cansaço, das partidas anteriores e a pressão de atuar sabendo que a vitória faria dele o primeiro tenista brasileiro número 1 do mundo.
Koch completou afirmando que Guga já fez tudo o que podia para promover o tênis nacional, que por causa dele é exibido nas TVs como nunca aconteceu antes, e acredita que é hora da Confederação Brasileira de Tênis dar o seu retorno promovendo bons eventos e incentivando os novos talentos. "Estamos três anos atrasados: desde que Guga ganhou seu primeiro título em Roland Garros, nada foi feito."
O ex-tenista também criticou a atitude do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) na Olimpíada de Sydney, considerando o impasse gerado pela disputa entre Olympikus e Diadora para uso do uniforme de Guga "uma babaquice". "Nunca fizeram nada por ele e tiveram uma postura muito infeliz que poderia tê-lo prejudicado."
Para Fernando Meligeni, seu companheiro de Copa Davis provou, sem sombra de dúvidas, que merece a posição que conquistou. "Ser o número 1 do mundo vencendo o (Andre) Agassi e o (Pete) Sampras é para não deixar qualquer dúvida. O tenista completou afirmando que também está muito bem fisicamente, a ponto de ter superado a contusão que o atrapalhou na primeira partida. "Guga realmente tinha de ter fechado o ano em primeiro lugar.
Para Carlos Alberto Kirmayr, Guga alcançou o melhor nível de toda a sua carreira, mas ainda não atingiu seu melhor desempenho. "Não posso dizer que ainda lhe falta melhorar muito, mas ainda pode melhorar", disse o ex-tenista, um dos melhores do Brasil nos anos 80, e atualmente treinador.
Para ele, a vitória no Masters elevou Guga a outro nível. "Ele estava no nível de simples campeão dos grandes torneios, agora é campeão de grandes torneios, do Masters e é o número 1 do mundo." Para Kirmayr, Guga já está muito próximo de sua meta, que é ser um jogador completo.
O também ex-jogador Danilo Marcelino, que teve seu melhor desempenho na década de 80 faz uma previsão. "Guga e (Marat) Safin vão dominar o tênis mundial nos próximos dois ou três anos. O ex-tenista brincou com a situação de Agassi na decisão do Masters. "Se eu fosse ele, depois do fim da partida teria cumprimentado Guga e dito: `Graças a Deus estou parando'."
Marcelino acredita que Guga evoluiu no último ano e consolidou todo o trabalho desenvolvido nas temporadas anteriores. "Diziam que só faltava a ele ganhar um torneio em quadra rápida, e ele não só conseguiu o feito como enfrentou todos os melhores tenistas na competição."