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Erro da Fifa deixa dúvidas sobre eleição do melhor da temporada
Quarta-feira, 13 Dezembro de 2000, 02h23

São Paulo - Um erro gravíssimo cometido pela Federação de Futebol da Costa Rica manchou o concurso que elegeu Zidane o melhor jogador do ano. Um funcionário da entidade se passou pelo técnico brasileiro Gílson Nunes - que abandonou recentemente o comando da seleção deste país da América Central - e votou nos costarriquenhos Wanchope, Medford e Soto. A Fifa deu veracidade ao documento enviado por fax e publicou em seu site oficial que Nunes seria o responsável pela esdrúxula escolha.

Segunda-feira, quando a Fifa anunciou os indicados dos 130 técnicos de Seleções Nacionais que tiveram direito a três votos cada, Nunes disse "que não seria maluco de escolher jogador da Costa Rica como o melhor do mundo", sem disfarçar a irritação. A informação deixou perplexos até alguns jornalistas esportivos do próprio país da América Central ouvidos pelo JT.

Mas na seqüência o porta-voz da Federação da Costa Rica, Ricardo Quirós, confirmou que o treinador brasileiro foi realmente vítima de uma atitude impensada de um funcionário que ele não quis divulgar o nome.

"O formulário deveria ter sido enviado à Fifa até 15 de novembro. Justamente neste dia o Gílson Nunes estava na Guatemala, onde a seleção de nosso país tinha um importante jogo pelas Eliminatórias da Concacaf", comentou Quirós.

"Não é a assinatura dele que consta no documento, pois eu a reconheço. Algum funcionário da entidade mandou este formulário para a Fifa votando por ele nos três jogadores da Costa Rica", diz.

Mais irritação Quando soube o que de fato aconteceu, Nunes ficou ainda mais irritado que no dia anterior. Depois de ter falado com o porta-voz da Federação da Costa Rica - que telefonou logo após ter falado com o JT para "fazer um pedido de desculpas" a Gílson -, o técnico disse que não tomará qualquer medida jurídica contra os dirigentes costarriquenhos ou da Fifa.

"Sei que foi um equívoco muito grande, mas não vou tomar nenhuma providência. Já dei uma bronca no cara e vou passar por cima disso. Tenho minha consciência tranqüila de que não cometi esta loucura e isso é o que vale para mim", esbravejou.

Nunes, que não quis revelar em quais jogadores votaria, afirmou ainda que não está nem um pouco preocupado com uma possível desmoralização de sua imagem, principalmente por ter tido sua assinatura falsificada. "Não estou nem aí. Este episódio para mim já acabou."

Novo comandante O brasileiro Alexandre Guimarães (ex-auxiliar e atual sucessor de Gílson Nunes no comando da Seleção da Costa Rica) acha que o caso vai terminar em pizza no país centro-americano. "Alguém quis se passar por malandro e arranhar a imagem do Gílson, mas pelo que conheço daqui acho que não vai acontecer nada com este funcionário", frisou.

Guimarães - que se naturalizou costarriquenho há mais de uma década e disputou a Copa de 90 - não entendeu como este equívoco pôde ocorrer. "O Gílson jamais teria votado nos jogadores que a Fifa publicou em seu site.

Até porque, me comunicaria imediatamente se tivesse tomado tal atitude", acrescentou. Até ontem a Fifa ainda não havia tomado conhecimento da fraude de maneira oficial. Portanto, não se pronunciou se a Federação da Costa Rica sofrerá algum tipo de punição.

Jornal da Tarde


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