Porto Alegre - Com o futebol profissional em férias até 3 de janeiro, a cena, no Internacional, é dos cartolas. O ambiente ferve na política: nesta sexta-feira se realizará a primeira eleição para o Conselho Deliberativo no sistema proporcional, que pode resultar na eliminação de gente conhecida. Mas o clima é gelado na área que mais interessa à torcida – o clube dá mostras de que não fará nenhuma grande contratação, mesmo depois de vender o zagueiro Lúcio.
Seis chapas concorrerão à renovação de dois terços do Conselho. O número de conselheiros que cada chapa elegerá será proporcional aos votos que receber dos associados. O sistema amplia a democracia no clube, mas é cruel: quem receber menos de 10% dos votos não indicará ninguém. Isso pode eliminar um conselheiro ilustre, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi, já que sua chapa corre o risco de estar nesse caso. Perondi até concorreu à presidência do clube, em novembro, na eleição para preencher a vaga de Jarbas Lima, que renunciara. Foi derrotado por Fernando Miranda, mas recebeu mais de 100 votos.
Espera-se o comparecimento de 4 mil sócios. Em dezembro de 2001, o presidente do Inter já será eleito pelo voto dos sócios. Concorrerão, na ocasião, os dois candidatos mais votados pelo Conselho Deliberativo.
No futebol, o vice-presidente Márcio Abreu e o coordenador-técnico João Paulo Medina costumam responder à pergunta sobre o destino do dinheiro da venda de Lúcio com franqueza: ela será usada para o pagamento de dívidas, para a renovação de contratos e, se sobrar algum, para a aquisição de reforços. Não revelam esse detalhe, mas os reforços devem vir por empréstimo, ou ser jogadores donos do passe.
Na verdade, o Inter está mostrando mais ousadia para vender do que para comprar. Num período em que a situação pede os votos dos sócios para fazer maioria no Conselho Deliberativo, Fabiano e Enciso – que são ídolos, mas têm salários altos – foram para a vitrine dos negociáveis.