Rio - A demissão do técnico Oswaldo de Oliveira do Vasco da Gama depois do empate por 2 a 2 diante do Cruzeiro, em São Januário, levantou entre os treinadores brasileiros a questão da instabilidade da profissão. Quase sempre os únicos responsabilizados pela má campanha de um time, os técnicos pregam a união da classe e o fortalecimento do sindicato
para que essas demissões acabem, ou pelo menos diminuam no futebol brasileiro.
CARLOS ALBERTO PARREIRA (Técnico da Seleção Brasileira na Copa de 94) – A situação precisa ser estudada pelos treinadores. Fortalecer o sindicato pode ajudar, mas os patrões têm o poder de demitir quem eles quiserem, infelizmente. O que podemos fazer é exigir que os contratos assinados sejam cumpridos até o final. Na Europa, os dirigentes têm mais respeito com os profissionais, que têm mais garantias. Aqui a responsabilidade é toda nossa.
ABEL BRAGA (Técnico do Atlético-MG e ex-treinador do Vasco) - O treinador é responsabilizado pelos maus resultados do time e muitas vezes até a imprensa colabora para isso. Somos a classe mais desrespeitada do futebol brasileiro. É cultural. No fundo, o Eurico é até uma pessoa boa, mas é intempestivo e imprevisível, pois age muito com o emocional. Assim ele se torna pouco confiável.
TELÊ SANTANA (Técnico da Seleção Brasileira nas Copas de 82 e 86) – O desrespeito acontece em razão da desunião da categoria. A classe precisa se unir para evitar demissões deste tipo. Só posso julgar pelas declarações que o Oswaldo e o Eurico deram, e assim me pareceu injusta a demissão, mas deve ter alguma coisa séria por trás.
ALFREDO SAMPAIO (Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais) – Os treinadores são as peças mais descartáveis e injustiçadas do futebol brasileiro. Os técnicos sentem-se fragilizados e impotentes com esta situação. Toda a culpa das derrotas recaem sobre eles. Este seria o momento ideal para um manifesto público, condenando o ato contra o Oswaldo e exigindo um desagravo.